Deixo que a melancolia me guie
Confio nela mais que em mim
Sei que ao menos ela não me trairá
Penso em não pensar
E esforço-me a todo o custo para não falar
Fecho os olhos e sinto-me a flutuar
Sinto que sou mais leve que o ar
Sonho que é tudo imperfeito
Que tudo tem uma grandiosa falha
Uma falha que compromete a existência
Acordo e reparo que não estava a sonhar
Mas se não estava a sonhar
Se estava a viver a realidade
Então porquê sentir aquela sensação de liberdade total
Uma descumunal vontade de voar para longe
De deixar que os meus membros se separassem
E tomassem rumos diferentes...
Pequenas palavras vindas do nada
Grandes ideias repousam na mente
Mente pútrida e atormentada
Mente fraca e decomposta
Mente deliquente
Procura por algo que transborde vida
Um animal morto na beria de uma estrada
Uma simples brisa de ar fresco e abafado
Um simples "olá" sussurrado ao ouvido
Uma única lágrima derramada por cima de uma flor murcha
Murcha de amor
Murcha de paixão
Morta pelo destino
Pela preguiça em forma de mentira
Desvendando os mistérios da morte
Abraçando a vida com nada
Sentimento de culpa por estar feliz
Sentimento de culpa por ser quem é
Sentimento de repugnância ao olhar-se no espelho
Sentimento de ódio por se ter tornado assim
Uma sede de sangue sem fim
Uma besta incontrolável nasce por dentro
Alastra-se por fora
Irrompe ossos e pele
Devasta campos de vida
Ceifa luz sem piedade
Choca brutalmente contra a parede invisivel que delimita a sua liberdade
E falece não resistindo aos hematomas
1 comentário:
dude, wow
isso ta fucking brilhante, consigo-me identificar com essa flor, assim como tanta gente morta pelo destino.
pegaste em sentimentos que todos escondem e fizeste um lindo poema, nao mudaria nada nele, ta perfeito, livre..
Cat
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