domingo, 25 de março de 2007

Mudanças

É certo e sabido
Que sabe bem fazer mudanças
Mas de que servem elas?
Muitas ficam para trás
E nunca são concretizadas
Mesmo aquelas que o são
Não trazem qualquer mudança que se aprecie

Pode-se mudar de practicamente tudo
Roupa, casa, namorada e até de corpo
Mas não se pode mudar de alma
Pois ela não nos larga facilmente
E não é um "obstáculo" fácil
Atravessa-se no nosso caminho
Fazendo-nos pensar de novo
E muitas vezes recuar
Atrás no tempo voltar
E tudo de novo recomeçar

Numa probabilidade mínima
As mudanças ocorrem perfeitamente
E todos ficam satisfeitos
Surgindo então os efeitos
De uma simples mas adorável
Refrescante e empolgante
Brisa de novos começos

Envelhecimento

Por que razão envelhecemos?
Será que não podemos viver para sempre
Mas porquê?
Penso que não conseguiríamos aguentar o sofrimento
Todos os dias sofremos um pouco
Imaginar que esses sofrimento duraria para sempre
É um pouco doloroso, e por mais que queiramos
Não conseguimos deixar de envelhecer

Este poema vem com um propósito
Dedicar tempo a pensar na vida
(Mais do que fazemos normalmente)
E pensar no que aconteceria
Se podessemos viver uma eternidade
Tornarnos na pessoa mais inteligente
Ou sermos o ladrão perfeito
São apenas algumas opções
Das muitas que poderíamos escolher
Para um dia vir a saber
E ser um mestre nessa arte
Ser ultrapassável e inalcansável
Ser um ser supremo e temido
Pelos outros que têm dormido

domingo, 18 de março de 2007

A Verdade

Chegou a hora de saberes a verdade
Pois não quero que fiques à nora
De toda a idade que tenho
Passei contigo mais de metade
E quero continuar a estar contigo
Para além da eterna eternidade

É para ti e por ti que escrevo
Embora seja em mim que me inspiro
Faço o que posso para exprimir
Todos os momentos pelos quais já passei
Mesmo daqueles dos quais não me orgulho
Mas não vale a pena lamentar
Pelo que já fiz ou deixei por fazer
Vai haver sempre qualquer coisa
Da qual me venha a arrepender

Sinto que não me amas
Ou talvez esteja enganado
Apenas sei que quando quero falar contigo
Acabo sempre por ficar engasgado
E as palavras não saiem como deviam
Não me exprimo junto de ti como queria
Comunico contigo pelo meio da escrita
Agora neste acto de grande cobardia
Peço-te uma oportonidade e um beijo
Nesta minha cara feia e fria

O Soldado Sagrado

Calai-vos seres reles das profundezas
Que alguém de respetio se vai pronunciar
Recusa-se a dizer o seu nome
Mas avisa que não tende medo de nenhum de vós
Ficai sabendo que esta visita
Foi em tempos um grande soldado real
Que serviu fielmente as vontades de reis
E nunca ousou alçar uma mão contra alguém digno

Figura de respeito e ternura
Por parte de amigos inimigos
Figura de terror e maldade eterna
Por parte de quem se habilitou a encontrá-lo
Jovem deslumbrante e honesto
Nuca se deixou cobiçar por algo efémero
Apenas uma vez caíu em desgraça
Por causa de uma certa donzela
Que o levou a uma insanidade extrema
Muito mais que enlouqecido
Este jovem estava esquecido
Por aqueles de quem em tempos amara
Mas também por muitos dos seus inimigos

Depois de uma longa batalha
Com o seu interior maléfico
Cavaleiro andante das terras de Lúcifer
Se fez esquecer de quem em tempos fora
E passou a ser quem mais lhe convinha

Representação

Aquela mentira do que parece ser realidade
Pessoas que se esforçam com toda a dignidade
Para atingir o inalcansável
Entrar na pele de alguém
Viver a sua vida e os seus problemas
Ficar a conhecer tudo o que está em seu redor
E muito mais para além das colinas no horizonte
Tentando enteder o significado da vida
Ou simplesmente o porquê de estármos aqui
Vivendo uma vida cheia de desgraças
E muito poucos momentos de alegria

Não me apetece viver mais esta vida
Vou trocá-la por outra mais preciosa
De alguém que já não se sirva dela
E que a tenha abandonado sem razão
Pois tenho a certeza que ninguém se vai importar
De qualquer forma o que passou passou
E de certo já não volta mais
Vale mais a pena continuar a representar
Pois é isso que todos fazem bem

domingo, 11 de março de 2007

Problemas do Coração

Nesta vida há muitos problemas
Pessoas que têm a vida por um fio
Pessoas só com uma perna ou uma mão
Mas decerto ninguém pode escapar
Aos problemas do coração

Por mais que nos esforçemos
Não os conseguimos esconder
Damos sempre passos em falso
Sendo apanhados por alguém
Um pouco mais atento às nossas acções
Que nos persegue inevitávelmente
Apenas por se sentir atraído
E que nos dá sermões
Para olharmos para quem temos à frente
Para pararmos de caminhar
Pois seremos traídos então
Por alguém a quem chamámos irmão
Ou por outro que do nada aparece
Roubando o nosso trabalho de uma vida
Como se fosse uma flor que floresce
E acaba por ser morta
Por um grupo de míudos na brincadeira
Sem reparar na asneira
Que atrás fizeram à pobre flor
Sentimo-nos comparados a outro ser
Humano ou não mas com sentimentos

O coração prega grandes partidas
Das quais não estamos à espera
Pessoas ficam entristecidas
Pela crueldade que nelas impera
Não sabendo mais que fazer
É hora do tudo ou nada
Dando à tal pessoa entender
Os sacrifícios que fizemos
Sozinhos ou em manada
Demonstrando à feliz contemplada
O que fizemos em troco de nada
E o que nunca conseguiremos ter

Uma boa relação
É um objectivo comum
A todos os seres rastejantes
Que esmurecem neste chão
De mãos dadas um a um
Fazendo questões intringantes
A quem por nós nada sente
Seja por uma questão de idades
Seja por uma questão de igualdades
O que é certo e mais que sabido
É que no final de tudo
Acabamos como um verme entristecido

Amor Insano

Duas pessoas
Uma de cada lado
Um buraco entre as duas
Milhares de perigos abaixo
E outros tantos atrás
Perseguindo sem fim os amantes
Até ficarem encurralados
Sem escapatória possível

Os dois batalhões de mercenários
Tentam capturar os fugitivos
Que acabam por se jogar
No imenso buraco sem fundo
Abraçados caiem em paz
Sabendo que será o seu último gesto

Os guerreiros partem escandalizados
Mas também um pouco impressionados
Pela força amorosa que uniu os dois insanos
Que para a morte saltaram
E por toda a eternidade
Juntos ficaram

Algo Mais

Algo em mim despertou
Algo que há muito estava adormecido
Algo que pensava ter esquecido
Algo que não me era conhecido
Algo em que já tinha acreditado
Algo que me era inalcansável
Algo que se deixara levar
Algo em que eu sobrevivera
Algo que agora é um deserto
Algo que já não é certo
Algo que me quer
Algo que eu rejeito
Algo, durante muito tempo, atordoado
Algo que nunca pensei voltar a viver
Algo ou alguém do passado
Algo que voltou para mim
Algo que agora é conhecido
Algo em mim escondido
Algo sempre engenhando
Algo nunca esperando
Algo muito especial
Algo que se vai
Algo que já não volta
Algo que mostra o adeus

domingo, 4 de março de 2007

Oportunidades

Há oportunidades que se perdem
Há oportunidades que se agarram
Há oportunidades que se desvanecem
Há oportunidades que se narram
Há ainda outro tipo de oportunidades
As que não se conseguem perceber
Ou que apenas não se conseguem ver
Ficando para sempre na nossa mente
A matutar sobre o que devíamos ter feito
A martirizar-nos acerca de coisas
Bem feitas ou mal feitas
Coisas que se fazem, ou não
Coisas que se sentem, ou não
Coisas que nos observam, durante muito tempo
Sem nos apercebermos somos admirados
Por aqueles que parecem um pouco afastados
Que aos poucos se vão apróximando
De nós, de coisas que gostamos falando
Para que apareça a oportunidade correcta
Aquela que deixamos escapar entre os dedos
Aquela que nos enche com inúmeros medos
Aquela que não temos coragem para aproveitar
Aquela que não nos deixa pensar
Aquela oportunidade assassina
Que muitas vezes nos ensina
Como oportunidades aproveitar
Mas somos induzidos pelo receio
Do que poderá acontecer a seguir
A nossa vida pode mudar
E ao mesmo nunca mais voltar
É melhor deixar-mos ficar
As coisas como elas estão e são
Pois não podemos regressar
Aos tempos que já lá vão

Mentiras

É bom conhecer pessoas novas
Pois na maioria poderão vir a ser amigos
É uma maneira de fugir à rotina
Que nos persegue no dia-a-dia
Que nos faz cansar de sermos quem somos

Um novo amigo é sempre bom fazer
Pois é mais alguém com quem podemos contar
E mais um alguém que queremos ajudar
Mas é necessário que se ser honesto e sincero
Para que sejamos levados a sério
Para que não nos joguem no lixo
Para sermos alguém na vida
Contrariando tudo isto
As mentiras não são solução
Aos problemas que nos rodeiam
Dia e noite, incansáveis
Contra nós simplesmente implacáveis
Tentando mandar-nos para baixo
Para o fundo do buraco
Que no fim nos servem de corda
Para emergir-mos de novo ao mundo
O mesmo mundo que nos recebeu de braços abertos
O mesmo mundo que não nos fez perguntas e aceitou-nos
O mesmo mundo que pode não ser perfeito
Mas dá-nos pessoas, companheiros, uma vida
Muitas vezes despediçada
Por quem dela não aproveita nada
Ficando dependente de mentiras
Pois sem elas não conseguem viver
São a sua maneira de ser
Quando a verdade é demasiado justa para se aplicar
Uma mentira vem sempre a calhar

Mas a mentira tem perna curta
E depressa é descoberta
Por mais que se tente esconder
Num dia ou noutro se irá saber
O problema que se está a desenvolver
O mesmo que nos faz mentir
Mentir a torto e a direito
Que nos faz ter esse defeito
Essa palavra sem conceito
Que se usa tanta vez por dia
Para escaparmos a mais uma série
De questões que não nos agradam

Mas nem sempre podemos mentir
E não é uma maneira de ser
É sim a maneira de esconder
Um segredo que nos atormenta
E nos faz destroçar que nos rodeia
Porque se preocupam connosco
Mas ao fim de tantas mentiras
Já ninguém acredita em nós
Ficamos sózinhos no mundo
A gemer de frio e fome
A pensar no que devíamos ter feito
Chorando completamente sós

Juízos Sem Valor

Detesto quem é convencido
Que pensa que de tudo sabe
Que faz juízos de (não) valor
Tendo certeza do que diz
E afirmando, sim senhor
Não querendo ouvir opinião contrária
Pois tem medo de perder a sua autoridade

Peço que saibam (a sério) do que falam
Pesquisem em livros, internet, dentro de vós
Saibam conceitos importantes sobre a matéria
Ponham o vosso conhecimento em práctica
Deixem certas pessoas boquiabertas
Com a vossa extrema sabedoria
E recusem-se a conviver com pessoas diferentes
Que não se adaptam a vós
Façam tudo para lhes bloquear os caminhos
Pois pessoas dessas não merecem viver
Perto de gente de alta categoria são vermes
Não se comparando a nenhum de vós
Que não sabe os sentimentos da rejeição
Os sentimentos de estar na merda e na escuridão
Os sentimentos de se estar completamente só
Os sentimentos de estar bloqueado e mutilado
A sensação de isolamento e agitação
A sensação de destruição interna
A sensação de solidão eterna

Até mesmo quem nos é próximo se afasta
Não em corpo mas em alma
Todos no banco dos suplentes
E apenas nós ficamos em campo
A defender a nossa baliza
Que guarda a taça dos nossos cereais
Na qual todos os dias comemos o pequeno-almoço
Esta mesma é nos roubada
Por alguém sem piedade nem sentimentos
Mas essa taça, taça da eterna fartura
Acaba por ser roubada ao ladrão
Pois cada uma só tem um dono
E não quer estar em mais nenhum lugar senão junte dele

E quando vós gente importante
Já tiver aprendido algumas lições
Terá direito a fazer o seu juízo
Então a gente abaixo de verme dar-lhe-à ouvidos
Para que passe o testemunho
De senhor de alta categoria
A outros que lhe sigam as pisadas