sexta-feira, 8 de junho de 2007

O Prazer De Viver

Ensinaram-me, há já tempos
O que era realmente viver
Mas depressa o esqueci
Porque infelizmente vos conheci
E na escuridão me perdi
Para me acostumar
Para lá ficar
Sem ter de lá emergir
Aprisionado nas correntes do tempo
Que me magoam os pulsos fortemente
Que me ferem a honra e o orgulho
Que me arrancam toda a minha essência
Deixando-me a apodrecer nos confins do universo

Hoje sou uma caracassa sem vida
Que cambaleia pelos vales negros
Deste mundo desgraçado e destruído
Onde pessoas se mutilam para viver
E onde outros anseiam por morrer
Quando apenas há um ponto em comum
Sair deste ciclo infinito de mortes e nascimentos
Acabar com o sofrimento de gerações
Pois no fim todos vamos estar mortos
Vagueando pelas entranhas da Terra
As nossas almas sobrevoam os corpos decompostos
E viajamos para o desconhecido
Mais uma vez nos deparamos
Com o que já haviamos esquecido
Uma vida esbelta e monstruosa
Aquela pela qual todos esperamos
Mas todos a obtemos sem sabermos
E não a aproveitamos
Simplesmente borrifamo-nos nela
Como se fossse algum tipo de material
Insensível ao toque e à dor
Mas no fundo nenhum de nós sabe
Qual é o prazer de viver

domingo, 3 de junho de 2007

Este Sim, É Mesmo Para Ti

Para ti
Porque sim
Apeteceu fazê-lo
Assim como me apetece estar contigo
Traíndo todos os outros
Tirando tudo o resto
Rindo de piadas sem graça
Remando num rio seco
Indo para qualquer local
Imigrantes viajantes
Criando espectatívas
Connosco juntos um dia
Iluminando o caminho
Interrompendo a passagem
Além disto há mais
Amanhã saberás a verdade

Sou Um Cão

Sou um cão por várias razões
Não pelas do animal
Mas pelas da definição que se dá
A alguém que nã é razoável
Já fiz muita coisa no passado
Nem tudo foi certo ou bom
Mas posso estar prestes a fazer algo delirante
Algo que só alguém tão cão como eu
Teria a indecência de practicar essa acção
Embora hajam demasiados a cometer esse erro
Nenhum o admite
Assim como eu decerto não o vou admitir
Peço umas desculpas adiantadas
A quem irá ser víctima de tudo isto
Se eu continuar com a minha malícia interior
E vou continuar a ser um grande estupor
Até que alguém me dê o devido valor

Eu, A Besta

Robusto de mente
Mas frágil no sentir
Tanto erro já cometi
Mas não consigo fugir
É algo que me puxa
E não me quer largar
Mas sinto-me bem assim
Não me quero eclipsar
Penso permanecer
Até o teu coração roubar
Pois a Besta que sou
Pode passar despercebida
Embora por pouco tempo
Basta conheceres-me um pouco
E amansas o selvagem
Mas o bicho é traiçoeiro
E facilmente sai da toca
Depois de um longo período de hibernação
Está de volta para te raptar
E devorar o teu coração
Dando dentadas sem parar
Chupo o suculento sangue
E permaneço insano
Nesta vida desgrenhada
E neste mundo de miséria
Caíndo na emboscada
Talvez por ti preparada
Para me capturar
E com o meu reino de horror parar
Para tu poderes descansar
E a apodrecer eu ficar
E vós uma festa celebrar

Mas não contes com isso
Pois a escuridão é minha guia
E a morte o meu ajudante
Nesta batalha constante
Que pretendo vencer
A todo o custo viver
Pois sou alguém que não pode morrer
E extramamente estúpido para o fazer

Escuridão, Sangue, Almas infernais
Vinde e rodeai-me
Juntai-vos a mim queridas amigas
Apenas vós me entedeis
E sabeis como é ser apedrejado
Várias vezes enforcado
Em muitos dias baleado
Como nenhum outro ser
Alguma vez foi
É penar
É para isso que trabalho
Mas não me querem pagar
Um pouco mais vou ter de esperar
E a mim mesmo vergastar
Até que me venhas salvar
Pois estou a contar com isso
Há já tempo demasiado
E embora não o tenha pedido
Foi-me por ti
Uma vez prometido

Círculo De Três Pontas

Um círculo é algo inacabável
O símbolo do infinito e da ligação eterna
Um triângulo apresenta três linhas
Ligadas entre si por três pntos
Tudo isto se refere a algo e às suas relações
Estes símbolos são magníficos vistos separados
Mas em conjunto formam figuras horríveis

Um círculo com um triângulo dentro
É uma relação infindável e confusa
Com um elemento a mais
E com as acções repetitivas
Pois numa relação amorosa
Apenas existe espaço para duas pessoas

Enquanto um ponto faz de tudo
Para a sua amada conquistar
Esta teima em hesitar
E aceita apenas o silêncio
Como uma arma de defesa e ataque
Isto faz com que o primeiro ponto
Se sinta um pouco tonto
E ande às voltas sem parar
Mas eis que aparece um terceiro elemento
Que anseia por tudo o que o outro sempre desejou
A rapariga dos seus sonhos
E com um forte golpe no sítio certo
O intruso finaliza com o amante sofrido
E este afasta-se ferido
Para junto de toda a sua mágoa e escuridão

Supostamente sendo ajudado por pontos vigilantes
Estes aconselham-no mal
Pressionando-o para que cure rapidamente as feridas
E o pobre coitado quebra o repouso
E ajuda à festa em tudo o que pode
Pensando que tarda nada tudo acabará
E que no final com ela ficará
Reunindo todos os propósitos da sua existência
Mas na maioria das vezes as feridas não curam
E o círculo desaparece
Deixando o triângulo sozinho
E o doenmte esfaqueado perde muitas das suas forças
Ao ver o seu pesadelo tornar-se real
Ver a sua amada nos braços de um paspalhão
Com a mania que é garanhão mas mansinho

Uma das linhas do triângulo depressa se desvanece
E as outras duas fundem-se
Tornando-se apenas numa única e unida linha grossa
O desgraçado e torturado
Aquele que fora outrora amante
Perde a sua última réstia de força
E pegando no primeiro objecto afiado
Espeta-o directamente no seu coração
E frenecticamente o move
Para finalizar a sua dor eterna
Pois prefere muito mais morrer
E nunca mais cá aparecer
Que ver a linda fêmea com outro alguém