Sim, não vale a pena, mas porra, é tudo o que tenho! O pensar no passado, o definhar a minha existência em relação ao futuro. Sentir que mesmo que tenha missão esta nunca será cumprida, nunca será iniciada sequer, ou pior, será deixada a meio, assim como tudo e qualquer coisa na minha vida, a morte prematura de iniciativas, as escolhas erradas no momento errado.
Um mar de lágrimas por chorar e meio balde de sangue por encher, e nem um nem outro tenho possibilidade de fazer. Existe vontade, sempre existiu, e vontade para tudo, mas sabes quando todas as vontades que tens encalham umas nas outras? Sim, é uma constante. E sabes qual é a outra constante? Mais ou menos aquilo que acabaste de pensar, "é a vida". Não o ser a vida, mas a resposta que te dão sempre que dizes o que sentes, sempre que te abres um bocadinho pequenino para não ser demasiado, "é a vida". Sim, realmente a vida é abrirmo-nos e falar para o boneco, para a parede, e é por isso que falo sozinho, a sério, falo e respondo a mim próprio, tenho conversas, e sabes porquê? Porque mais ninguém as tem. Ninguém fundamenta respostas, ninguém tenta perceber os porquês ou sequer se esforça. Por vezes há alguém que pergunta algo que poderia indicar o início de uma conversa resumidamente agradável de uma maneira subconsciente, mas nem isso, é sempre tudo tratado com ignorância ou desdém, uma competição para demonstrar quem sofreu mais, porque se "eu hoje trabalhei 12 horas" então "isso não é nada eu trabalho 10 horas 6 dias por semana" e aí "o meu trabalho é pesado" e no fim de contas o que poderia ter sido uma conversa calma, com preocupação e cautela acaba por ser uma competição sem escrúpulos porque "eu estou pior do que tu". Parece que as pessoas querer ser as vencedoras de algo e como não o são em mais nada, pelo menos levam para casa o troféu de maior sofrimento.
Tanto plano, tanto cuidado, tanta conta feita para tudo dar certo, e adivinha? Aham, tudo por terra, tudo por água abaixo, tudo na lama! Tens sempre tudo na lama! Porquê? Porque a única coisa que tu fazes é merda! Quantas vezes não ouviste já a expressão "bela merda"? Foram tantas que até já quase que respondes por esse nome. Uma atrás da outra as folhas caem da árvore que te viu crescer, a árvore que plantaste, que regaste, que abraçaste, a quem deste água, carinho e amor, a quem deste tudo de ti. Não te deu frutos, apenas sombra em dias de inverno. Da chuva não te protegeu, do medo não te escondeu.
E acima de tudo sentes-te a envelhecer mais rápido que os demais, a cada fôlego teu são meses que se te esvaem e um dia hás de falecer, esse dia pode estar ainda longe, mas, neste momento, quase que sentes como se fosse já amanhã. Sentado à beira do precipício, o impulso é para te atirares, e afinal, já te atiraste para tanto outros que desta vez talvez não doa...mas vai doer. Tu sabes que vai doer porque, repara bem no sítio em que estás, dessa queda não sobrevives, não sozinho, não assim. E quem te dará a mão agora? Qual é o primeiro nome que te vem à cabeça? A sério? Achas que te vai ajudar? Pff, acorda que isso tem jeito de sonhinho bom. Não passas de uma criança iludida agarrada a um peluche desfeito. Quê, ainda falas com ele à noite não? Sempre que podes? Grandes chapadas que tu precisas levar, que grandes senhoras marretadas tens que mamar nesses cornos. Sabes o que o mundo quer saber de ti? Um encolher de ombros. Sabes o que importas para o mundo? Um encolher de ombros. Sabes que falta fazes? Um mísero encolher de ombros muito mas muito esforçado. Então porque não fazes o mesmo e encolhes tu os teus ombros? Afinal de contas, se não os consegues vencer, junta-te a eles.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
terça-feira, 28 de maio de 2013
puñetazo rosa de la justicia
Hey mundo... Bem, já há uma porrada de tempo que não debito aqui palavras desconexas... Possivelmente por preguiça, ou por não ter nada para dizer... Ou talvez até por medo...de...sei lá... Olha medo de ter que escrever algo que não sabia sobre o que escrever. O que estou a tentar explicitar é que nem sempre é fácil escrever, e se houve uma altura em que era aquilo que me fazia sentir bem (aliás, daí adveio a necessidade de criar este espaço originalmente chamada "Sentimentos Por Poemas", ainda te lembras?) hoje em dia já não acontece o mesmo. O tempo passa, e desde que descobri a escrita como antídoto já lá vão quase 10 anos, já muito mudou, já muito passei, já em muito pensei, e de certeza que demasiado e em coisas que não mereciam sequer um décimo do tempo perdido. Ah... lembro-me de estar a estas horas a escrever (altas horas da noite naquela altura), às vezes a ouvir música, outras no conforto do silêncio, lutando para deixar em palavras e nunca agir... e agora que repenso, ocorre-me a sensação de que talvez tenha aplicado isso demasiado à minha vida, escrever, esquematizar, planear demasiado e...fazer que é bom, nada. Não é caso de preguiça, não é caso de falta de vontade ou de falta de incentivo próprio. É sim o medo, a dúvida, o triste respirar de um ser risonho e reptiliano, de olhos claros e penetrantes...
Comecei a escrever com uma intenção e entretanto já se me escafedeu... Estou a fazer como antes, escrever, não pensar, com pequenas excepções em termos de forma... e sim, a ouvir música. Sei que influencia, mas o silêncio neste momento é me desconfortável, faz-me pensar. penso demasiado nestes últimos anos... Sobre o que aconteceu e não devia ter acontecido mais principalmente, mas também sobre tudo aquilo que devia ter feito e não fiz...mais coisas diversas de um leque interminável de reboliços contínuos e frustrantes. É como se fosse uma ovelha presa num rebanho de cabras
(btw, 200 mensagens, yoo-hoo...)
Comecei a escrever com uma intenção e entretanto já se me escafedeu... Estou a fazer como antes, escrever, não pensar, com pequenas excepções em termos de forma... e sim, a ouvir música. Sei que influencia, mas o silêncio neste momento é me desconfortável, faz-me pensar. penso demasiado nestes últimos anos... Sobre o que aconteceu e não devia ter acontecido mais principalmente, mas também sobre tudo aquilo que devia ter feito e não fiz...mais coisas diversas de um leque interminável de reboliços contínuos e frustrantes. É como se fosse uma ovelha presa num rebanho de cabras
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