domingo, 25 de fevereiro de 2007

Calor Gelado

Subindo a uma montanha
Com tanto gelo não consigo ver
O ar corta e arranha
Bem traiçoeiro com a sua manha
Esperando pelo que vou fazer

Fico na mesma posição umas horas
Aproveito para dormir um bocado
De repente sinto-me quente
Um sentimento deveras inesperado
Não percebi do que se tratava
Mas já com algo do género havia sonhado
Como se fosse uma mão que me acariciava
Senti uns lábios a tocarem nos meus
Pisquei os olhos por um segundo
Concluí que era tudo na minha cabeça
Embora parecesse tão real

Continuei a minha caminhada
Esperando chegar ao topo
Estava fatigado depois de tanto esforço
Já era de madrugada
Quando me senti realizado

Penso que morri e voltei a nascer
Nunca me tinha sentido assim
Um pouco confuso e lúcido
Assim como cansado e... cansado
A partir daquele momento
Em mais nada consegui pensar
Apenas me senti desvanecer
Até em neve me enterrar

Gelo Quente

Chegou o Verão
A neve começa a derreter
A minha face luz volta a receber
Fiquei conservado em gelo
Mas não me lembro porquê
Apenas me encontro a mim
Só eu, uma montanha e o horizonte
Não tenho identidade e de pouco me lembro
Sei que subi a uma montanha
Aconteceu-me uma coisa estranha
Mas de mais nada me recordo

A muito custo desço de onde estou
Não conheço o que está em meu redor
Ouve apens um alguém que me encontrou
No tempo e no espaço me situou
Agora já sei quem sou, mas não o que faço aqui
Tenho a sensação de que não vou saber
O mundo está prestes a acabar
Vai tudo explodir
Nenhum de nós vai restar
Parto tranquilo e incógnito
Não sei para que servia
Penso que é melhor assim

Apenas uma coisa sei
Não estive dormente 6 meses
Mas sim 6 anos
Que em muito modificaram
A maneira de ser dos humanos
Em poucos ficou a essência
De marcar a diferença e seguir em frente
Para não ser só mais um
Nesta rede de miséria
Onde cada um é pior que o anterior
O humano é um ser inferior
Que pensou ser supremo
E acabou por se destruir

Poderia ter sido melhor
Que o calor não tivesse chegado
A esta horado estaria congelado
Não assistir a esta dor
Não vivenciar o fervor
De estar vivo mais uma vez
Estar para lá do Vale de Nenhures
No reino onde não há supremos
Mas apenas inferiores
Que se desenvolvem para emergir
Na grande terra dos horrores

Escuridão

Nesta noite escura
Estou outra vez só
Sabendo que te divertes
Mas não sabendo com quem
Fico jogado ao abandono
Onde raramente passa alguém
E muito poucos se deixam ficar
Sinto-me a afogar
Na escuridão deste mar
Acho que vou acabar
Por enlouquecer de vez
Pois foram três
As vezes que me empurras-te
Conseguindo fazer-me caír
Como sempre quises-te

A escuridão é a minha casa
Nela sinto-me à vontade
Não penso que acredites nisto
Mas amo-te de verdade

Sei que tens mais que fazer
Ou então apenas me queres despachar
De qualquer das formas vou ficar
A atirar estas palavras ao ar
Pode ser que alguém passe
E por curiosidade as queira apanhar
Só para ver do que se trata
Mas depois querer ver o desenlace
Da história que nelas se retrata

Death Doesn't Hurt, But Love Does (A Origem Da FOÇA)

Quantas vezes nos perguntamos
Se será aquela a pessoa certa
Pois faz-nos fazer coisas diferentes
E só depois nos encontramos
Navegando na infinita escuridã
oOnde apenas há desgosto
Enquanto procuramos paixão

Esta é uma das razões
Pelas quais o amor dói
Porque caminhamos aos encontrões
Naqueles que nos parecem indiferentes
Mas se olharmos profundamente
Veremos que estão descontentes
Pois todos amamos alguém
Até mesmo sem sabermos
E para mim, o amor
É o mais difícil de entendermos

Nesta vida desvairada
Onde qualquer coisa é uma descoberta
Matamos pessoas de propósito
Sabendo que não é uma coisa certa
Mas para a raiva é um bom depósito

Depois de várias desilusões
Encorajadas por desencontros
E outros tantos desconhecidos
Que nos fodem a vida
Por sermos extrovertidos

Quando alguém morre
Chora-se de desgosto e pena
Mas passado algum tempo
Já ninguém se lembra dessa cena

Enquanto o tempo passa, evolui-se
Quando se está sozinho diminui-se
Mas certa é uma coisa
"Uma mosca voa por cima de flores
Embora seja na merda que ela poisa"

Com isto pretendi afirmar
Que é preciso estar atento
Às coisas boas da vida
E não perder tempo
A amar quem não nos ama
Devemos sim ajudar
Não esperando ser ajudados
Pois se disso estivermos à espera
Acabamos por ser empurrados
No poço sem fundo
A que muitos chamam de esquecimento
Mas eu chamo de "FOÇA"

TU

TU...
Só Tu me enervas...
Só Tu me acalmas...
Só Tu me condenas...
Só Tu me salvas...
Só Tu me empurras...
Só Tu me ajudas...
Só Tu me igualas...
Só Tu me diferencias...
Só Tu me inquietas...
Só Tu me envias,
Para o desconhecido
Onde por ti evoluo
Encontro o caminho de volta
Corro para os teus braços,
Sento-me ao teu lado
E conto-te como foi
Mas tu para lá me mandas,
E é uma das coisas
Que mais gosto em ti
Pois fazes me pensar
Para no fim, para ti voltar
Tentando ser definitivamente
E tu olhando para mim contente
Me abraçares e nunca mais largares
Pois só tu...
És TU.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Conversão

Aconteceu
Depois de muitas voltas
Nesta tômbola gigante
Parei num local
Que por ser um mero viajante
Me fez sentir mal

Fui muitas vezes criticado
Até cair bruscamente
O chão estava gelado
Senti as tuas mãos quentes
Levemente passeando no meu rosto
Citavas palavras carinhosas
Todos os outros estavam contentes
Não havia sucedido nada
Suspirámos de alívio então
Não passara de uma pancada
Bem forte no meu coração

Com a vossa ajuda depressa me levantei
Tive orgulho em chamar-vos amigos
Mas rapidamente fui substituído
Por um dos meus piores inimigos
Então senti-me traído
E tu, com os cantos antigos
A outro foste chamar marido

Se pensam que estou errado digam-me
Esclareçam-me as minhas dúvidas eternas
Porque já uma vez acreditei em vós
E como agradecimento
Cortaram-me as pernas
Passei entãoa rastejar
No meu corpo havia inchaços
Quando me viram naquele estado
Arrancaram-me os braços

O meu cérebro já não faz o que mando
Mas sempre estive e estarei a teu lado
Por favor ajuda-me a levantar
Pois já estou no chão há tempo demasiado
Arruinaste-me mais uma vez
E foi com desprezo no olhar
Que me viraste as costas para sempre
O meu peito partiu-se em três
Não quiseste saber da minha dor
Eu gritei bem alto para ti:
APANHA O MEU CORAÇÃOE DIZ-ME A SUA COR
Algo despertou em ti
Pois nunca te tinha visto assim
Encheste os pulmões com muito ar
E caminhas-te até mim
Pegas-te no meu orgão vital
O teu rosto ficou admirado
Consegui perceber que algo estava mal
O meu coração estava amaldiçoado

Fiquei ali estendido
Estripado no meio do chão
Não sei como me revitalizei
Só fui alimentado pela escuridão
Agora estou como novo e voltei
Para acabar a minha missão

Demorou muito mas consegui
Encontrar a minha essência
Não me venhas com tretas
Já não tenho mais paciência
Agora sei aquilo que sou
Tentaram-me transformar num monstro
Reneguei as minhas origens:
A malícia, o ódio e o medo
Agora que já não sou monstruoso
Ninguém me toca com um dedo

Agradeço a quem me compreendeu
Mas estou mais grato a quem não o fez
Pois se não fossem essas pessoas
Não estaria na escuridão outra vez
Houve quem me ajudasse indirectamente
E é a quem eu dou mais valor
Porque foi quem precisamente
Me causou uma maior dor