Uma criança
Vestidinho branco e rosa
A baloiçar nos ramos das árvores de sua casa
Cai e faz "dói-dói"
Chora desesperadamente numa pobre tentativa de ser ouvida
Vê o sangue a sair por aquela ferida crua no seu joelho
Levanta-se a muito custo
Já está tudo bem de novo
Desta vez baloiça num pneu preso por uma corda ao ramo da mesma árvore
Criança de pequenas dimensões, de pequena mentalidade
Pobre miúda triste e abandonada
Deixa-se dormir naquele sujo e podre pneu
Sonha com o fantástico Príncipe Encantado que a salvará da sua existência desmotivada
Dá voltas e voltas pelo mundo em apenas quinze minutos
Acorda passados alguns anos
Com o mesmo vestido branco e rosa
Deambula pelas ruas frias na noite de uma cidade
Encontra um pobre animal de quatro patas estendido no chão
Aconchega-o ao seu corpo fraco e gélido
Quase sem vida os dois companheiros se aventuram num beco sem saída
Apanhados de surpresa por um senhor vagabundo
De faca na mão e garrafa na boca
O animal designado Cão salta para proteger a agora sua amiga
Pobrezinho morre esfaquiado
Vagabundo sem escrúpulos avança perante a rapariga
Que com um surriso nos lábios lhe agradece
O abraça, e nos seus braços se deixa morrer...
1 comentário:
Ela morreu feliz.
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