Quando decidi seguir vida através da religião nunca pensei vir a ser aquilo que sou hoje. Pensei que talvez tivesse que deixar toda a minha vida para trás, família, amigos, paixões, tudo! Mas afinal não, no fim de contas continuo a ter uma vida extremamente igual à que tinha antigamente.
Mas para que não fiquem mais confusos com a minha história vou passar a explicá-la.
Botas de biqueira de aço, calças pretas justas, t-shirt preta com o símbolo dos Misfits, colete de ganga escura, pulseiras de picos, coleira de picos, mohawk colorido, era esta a minha figura com 15 anos. Vocalista numa banda de Punk Metal denominados Tristes Mas Contentes, tinha a vida perfeita, amigos perfeitos, namorada perfeita, mas um dia tudo mudou. Descobri que a namorada afinal não era tão perfeita, assim como o baterista também não era um amigo tão perfeito. A partir daí passei a sentir-me cada vez mais melancólico, cada vez mais podre por dentro, cada vez mais vazio. O que escrevia agora em nada se comparava com o que noutros tempos escrevia.
Ao fazer 18 anos a banda separou-se. Uns foram para o norte, outros para o sul, e eu fiquei sem saber para onde ir, ou seja, fui trabalhar que é o destino que se dá aos indecisos. Ano seguinte já com experiência de trabalho e dinheiro na bagagem decidi aventurar-me no mundo da verdadeira música, no qual gastei todos os meus tostões e recebi milhares de “nãos” em troca. Fique completamente desolado. Ao voltar para casa completamente roto em todos os sentidos da palavra, o meu pai deu-me mais uma oportunidade de me recompor, mas avisou-me seriamente de que seria a última. Desta vez fui trabalhar para a metalúrgica da terrinha, onde passei a ser definitivamente o indivíduo mais metaleiro da zona. No entanto a vida já não era tão sorridente como no passado, e aos 27 anos as escolhas de alguém sem estudos superiores é cada vez menor por isso via-me condenado a viver eternamente na casa dos meus pais e a trabalhar indefinidamente naquela metalúrgica.
Um triste dia tempestuoso de Inverno veio abalar a minha vida. Trabalhava eu como em qualquer outro dia enquanto cantarolava umas músicas em growling, apesar do passar do tempo o desejo fervoroso de seguir carreira como growler ainda não tinha chegado ao fim, quando um acidente sucedeu naquela fábrica, acidente esse que me retirou em metade a força das cordas vocais. Fiquei então completamente destronado e destruído, vi todos os meus sonhos que ainda permaneciam estáticos estilhaçarem-se em frente aos meus olhos, ouvi o estridente som do romper das ambições no interior mais profundo dos meus timpanos e senti o brutal rasgar de músculos na minha garganta.
Invalido. Foi a única coisa que o meu pai soube dizer quando me viu no chão de terra batida à porta daquela fábrica e se não fosse a bondade de uma irmã da mão de um colega de trabalho teria permanecido lá por tempo indefinido.
Mas para que não fiquem mais confusos com a minha história vou passar a explicá-la.
Botas de biqueira de aço, calças pretas justas, t-shirt preta com o símbolo dos Misfits, colete de ganga escura, pulseiras de picos, coleira de picos, mohawk colorido, era esta a minha figura com 15 anos. Vocalista numa banda de Punk Metal denominados Tristes Mas Contentes, tinha a vida perfeita, amigos perfeitos, namorada perfeita, mas um dia tudo mudou. Descobri que a namorada afinal não era tão perfeita, assim como o baterista também não era um amigo tão perfeito. A partir daí passei a sentir-me cada vez mais melancólico, cada vez mais podre por dentro, cada vez mais vazio. O que escrevia agora em nada se comparava com o que noutros tempos escrevia.
Ao fazer 18 anos a banda separou-se. Uns foram para o norte, outros para o sul, e eu fiquei sem saber para onde ir, ou seja, fui trabalhar que é o destino que se dá aos indecisos. Ano seguinte já com experiência de trabalho e dinheiro na bagagem decidi aventurar-me no mundo da verdadeira música, no qual gastei todos os meus tostões e recebi milhares de “nãos” em troca. Fique completamente desolado. Ao voltar para casa completamente roto em todos os sentidos da palavra, o meu pai deu-me mais uma oportunidade de me recompor, mas avisou-me seriamente de que seria a última. Desta vez fui trabalhar para a metalúrgica da terrinha, onde passei a ser definitivamente o indivíduo mais metaleiro da zona. No entanto a vida já não era tão sorridente como no passado, e aos 27 anos as escolhas de alguém sem estudos superiores é cada vez menor por isso via-me condenado a viver eternamente na casa dos meus pais e a trabalhar indefinidamente naquela metalúrgica.
Um triste dia tempestuoso de Inverno veio abalar a minha vida. Trabalhava eu como em qualquer outro dia enquanto cantarolava umas músicas em growling, apesar do passar do tempo o desejo fervoroso de seguir carreira como growler ainda não tinha chegado ao fim, quando um acidente sucedeu naquela fábrica, acidente esse que me retirou em metade a força das cordas vocais. Fiquei então completamente destronado e destruído, vi todos os meus sonhos que ainda permaneciam estáticos estilhaçarem-se em frente aos meus olhos, ouvi o estridente som do romper das ambições no interior mais profundo dos meus timpanos e senti o brutal rasgar de músculos na minha garganta.
Invalido. Foi a única coisa que o meu pai soube dizer quando me viu no chão de terra batida à porta daquela fábrica e se não fosse a bondade de uma irmã da mão de um colega de trabalho teria permanecido lá por tempo indefinido.
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