Novo dia começa na casa da família Antunes e para espanto de todos Alex já se encontra levantado. Toma banho pela hora que o sol se levanta, após uma corrida matinal, coisa que não se relaciona nada com o Alex que todos conhecem, e sai da casa de banho com um enorme sorriso na cara.
- Bons dias irmão! – Diz efusivamente.
- Fala baixo puto… - Responde Fred ainda bastante ensonado.
E Alex segue em direcção ao seu quarto. Fecha a porta, atira a toalha, que o cobria da cintura para baixo, para cima da cama, abre as cortinas e a janela e sente o vento a bater-lhe no peito nu.
- Que belo dia que está… Céu azul, brisa fresca, sol brilhante…
Nisto um pequeno cocó de pássaro cai no seu pé esquerdo.
- E merda de pombo! Agora sim tenho o dia completo. – Diz enquanto limpa o pé.
Abre o seu armário para retirar roupa para vestir e fica parado um pouco a olhar-se no espelho. Cabelo loiro, corpo no geral franzino apenas com pequeníssimas saliências, às quais gosta de chamar músculos, nos braços e pernas, e uma fila estreita de pelos claros que se inicia no seu umbigo e segue para baixo. Aproxima a cara do espelho para que possa admirar melhor o seu rosto. Olhos castanhos-claros um tanto amarelados, uma pequena penugem nos lados da sua face e no queixo e um pequeno bigode normal na puberdade.
- Sou mesmo bom… - Diz para si próprio ao mesmo tempo que faz poses para salientar os seus músculos.
- Continua a dizer isso a ti próprio por muitas vezes, pode ser que consigas convencer alguém. E tapa esse penduricalho, ninguém tem interesse em ver isso.
Alex apercebe-se de que está nu e tapa o seu pénis com as mãos.
- Cala-te Salomé! Também ninguém quer saber de ti e andas sempre de roupa interior pela casa!
- Pois ando, mas EU sou boa, e tenho quem to possa garantir maninho – Salomé sorri e entra para o seu quarto.
- Ranhosa… Mas tenho de cortar este bigodinho, fica-me mal.
Alex despacha-se calmamente e desce as escadas que levam à cozinha.
- Sim mãe, sabes que aqui o nosso querido Alex deve andar atrás de algum rabo de saia. – Relata Salomé à sua mãe.
- Oh Sal deixa o teu irmão em paz.
- Pois é Sal! Deixa o teu irmão em paz. – Diz Alex para reforçar a ordem de sua mãe e para sua auto-defesa.
- Está calado miúdo. Lá porque fazes hoje anos não significa que vá ter mais respeito por ti.
- Mas devias! Quinze anos já são uma boa marca, já devias ter-me algum respeito.
- Miúdo, a sério, cala-te…
- E tu Fred, não te manifestas?
- Não tenho nada a dizer, estou completamente vazio de palavras…
- De há duas semanas para cá tens estado muito profundo, mas muito vazio. Já não fazes o mesmo que fazias, às tantas já não és o mesmo…
- Que sabes tu do que falas?! Irrita-me que as pessoas falem do que não sabem como se soubessem do que falam! – Fred diz isto ao mesmo tempo que joga a torrada contra o prato, agarra a sua mochila e sai de casa.
- Frederi… - Renata é interrompida pelo seu telemóvel. – Renata Penetra, bom dia!
- Até logo mãe. – Dizem Alex e Sal à medida que abandonam a habitação.
- Sim…estou a ver…certo… Mas repare que é algo muito precipitado…sim…sim, compreendo perfeitamente, mas mesmo assim…está bem, não se volta a repetir, peço imensas desculpas se o ofendi… - A chamada termina. - Não podia esperar mais um pouco? Oh raio…
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Crónicas De Um Sem-Nalga: Recuperação
E agora, passado cerca de mês e meio, posso dizer que já me sinto operacional a (quase) todo o vapor!
Estou ciente de que foi uma recuperação rápida e de que ainda nem tudo está a 100%, mas sinto-me bastante esperançoso de que já não demore a atingir tal patamar.
O que faz parecer que estás crónicas comecem a ter os dias contados...
Carpe Diem
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Tekken, O Filme Que Tem Algumas Semelhanças Com O Jogo
Pois bem, depois de muito esperar consegui finalmente ver o filme baseado no jogo Tekken!
E que querem que vos diga? É mais um filme baseado num jogo, não um jogo em formato de filme. No entanto deixo-vos aqui a minha opinião baseada em vários pontos de vista.
1º Como fã incondicional que sou desta serie de jogos, adoro toda a história, desde as personagens mais "importantes" até às mais recentes e pequenas. E é muito triste para um fã ver que o jogo apenas serviu como uma pequena parte da base do filme. Apenas se encontram pouco mais de uma dúzia de personagens do jogo das quais nem metade tem qualquer protagonismo. Maiores erros ainda no campo das personagens, de fora ficaram Paul e Hworang, que penso que são personagens importantes para o desenrolar da história principal; depois terem sido inseridas personagens como Raven, Dragunov, Miguel Rojo (que no filme é referido oralmente como Miguel Roja, o que se torna um tanto irritante). A caracterização das personagens presentes é ou muito boa, ou muito má, se bem que apenas se considera muito má a caracterização dos Jacks (que nada têm a ver com os do jogo, no filme são simples guardas com fatos de kenpo (penso eu) e metralhadoras). Já chega de falar das personagens. Adiante temos a grande diferenciação de contextos, por exemplo Mishima Zaibatsu foi substituída pelo nome de Tekken, e o passado das personagens é diferente do original. Outra coisa que não fez sentido foi o facto de os lutadores usarem armas no torneio, ok o Yoshimitsu também no jogo usa a sua faquinha, e seria baixo o oponente não utilizar também uma arma, mas fora isso não faz sentido, Tekken é uma serie de beat'em up, porrada bruta e simples, sem armas, apenas técnicas físicas e um tanto sobre-humanas. E vou-me ficar por aqui se não conto o resto do filme. Portanto, como fã, não fiquei totalmente desiludido, mas acho que podiam ter feito um filme muito melhor se não quisessem por tudo de uma vez.
2º Pondo-me no lugar de alguém que desconhece a história de Tekken, achei o filme apelativo e mesmo divertido, Com óptimas cenas de luta, nenhum ponto morto, sempre está a acontecer algo, seja acção fulminante ou apenas revelações, e o enredo criado foi algo apelativo à juventude de hoje em dia relatando festas, beijoquices, desentendimentos familiares, assassinos atrás de jovens, tudo coisas que acontecem na vida de qualquer adolescente dos dias de hoje... ou perto disso... A banda sonora encaixa perfeitamente. Depois dos créditos é mostrada uma cena que dá indicações de que uma sequela pode estar a ser ponderada. Um bom filme de acção para se ver com amigos, ou até mesmo sozinho, numa daquelas tardes/noites em que não há nada melhor para fazer.
E pronto, ai têm a minha opinião. Agora basta ver a recepção, que pelos vistos não parece ser estar muito famosa visto que o filme apenas estreou nos cinemas japoneses e já se encontra em dvd.
E que querem que vos diga? É mais um filme baseado num jogo, não um jogo em formato de filme. No entanto deixo-vos aqui a minha opinião baseada em vários pontos de vista.
1º Como fã incondicional que sou desta serie de jogos, adoro toda a história, desde as personagens mais "importantes" até às mais recentes e pequenas. E é muito triste para um fã ver que o jogo apenas serviu como uma pequena parte da base do filme. Apenas se encontram pouco mais de uma dúzia de personagens do jogo das quais nem metade tem qualquer protagonismo. Maiores erros ainda no campo das personagens, de fora ficaram Paul e Hworang, que penso que são personagens importantes para o desenrolar da história principal; depois terem sido inseridas personagens como Raven, Dragunov, Miguel Rojo (que no filme é referido oralmente como Miguel Roja, o que se torna um tanto irritante). A caracterização das personagens presentes é ou muito boa, ou muito má, se bem que apenas se considera muito má a caracterização dos Jacks (que nada têm a ver com os do jogo, no filme são simples guardas com fatos de kenpo (penso eu) e metralhadoras). Já chega de falar das personagens. Adiante temos a grande diferenciação de contextos, por exemplo Mishima Zaibatsu foi substituída pelo nome de Tekken, e o passado das personagens é diferente do original. Outra coisa que não fez sentido foi o facto de os lutadores usarem armas no torneio, ok o Yoshimitsu também no jogo usa a sua faquinha, e seria baixo o oponente não utilizar também uma arma, mas fora isso não faz sentido, Tekken é uma serie de beat'em up, porrada bruta e simples, sem armas, apenas técnicas físicas e um tanto sobre-humanas. E vou-me ficar por aqui se não conto o resto do filme. Portanto, como fã, não fiquei totalmente desiludido, mas acho que podiam ter feito um filme muito melhor se não quisessem por tudo de uma vez.
2º Pondo-me no lugar de alguém que desconhece a história de Tekken, achei o filme apelativo e mesmo divertido, Com óptimas cenas de luta, nenhum ponto morto, sempre está a acontecer algo, seja acção fulminante ou apenas revelações, e o enredo criado foi algo apelativo à juventude de hoje em dia relatando festas, beijoquices, desentendimentos familiares, assassinos atrás de jovens, tudo coisas que acontecem na vida de qualquer adolescente dos dias de hoje... ou perto disso... A banda sonora encaixa perfeitamente. Depois dos créditos é mostrada uma cena que dá indicações de que uma sequela pode estar a ser ponderada. Um bom filme de acção para se ver com amigos, ou até mesmo sozinho, numa daquelas tardes/noites em que não há nada melhor para fazer.
E pronto, ai têm a minha opinião. Agora basta ver a recepção, que pelos vistos não parece ser estar muito famosa visto que o filme apenas estreou nos cinemas japoneses e já se encontra em dvd.
sábado, 7 de agosto de 2010
Labirinto Porque És?
Pelos old times
As noites on the bar
As old nights com o old friend cá na town
As shitty ass bubaderas
And then...
The nada, puf, the work of knowing nothing.
Toda a sensação de ter o mundo nas mãos, e porque? Para isto? Isto é algo mas e se nada fosse? Caminhando adiante... No outro sítio, nada muda... As mesma fantasias, as mesmas desilusões... O galopar do ancião de fogo que persegue as almas penadas. O bom, o mau… e, não o intermédio, não o do meio, o de fora. Ambos experienciados, todos testados, e agra o último fixado.
Erros, aprender com eles. Dedos apontados, talvez sem razão, talvez acompanhados dela, mas não se pode fugir à realidade. E hoje, agora, talvez seja tarde demais, ou quiçá ainda cedo. A ligação, o anel unido que envolve o todo, quebrado devagar mas por completo, o culminar do que possivelmente nunca foi. Depois o vazio, o nada, o espaço em branco, a matéria negra.
Palavras deitadas ao ar, este com mais significado que as mesmas porém, o sim que diz que não, o talvez que diz que não, o provavelmente que diz que não, e ainda o obviamente que claramente diz que não. Mal entendidos super-referidos e a exaustão de querer compreender, ou a falta dela. Rejubilar apenas no dia do nunca, no dia não realizado, no dia do universo decerto paralelo e avistar a paz negra de uma estrela vermelha.
E contudo, novamente, a percepção mantém-se, mas com ela, a crescente vergonha de sentir. Nada de desculpas, nada de perdões, apenas nada. Compreensão é tudo o que resta, e uma discussão civilizada para a anteceder.
As noites on the bar
As old nights com o old friend cá na town
As shitty ass bubaderas
And then...
The nada, puf, the work of knowing nothing.
Toda a sensação de ter o mundo nas mãos, e porque? Para isto? Isto é algo mas e se nada fosse? Caminhando adiante... No outro sítio, nada muda... As mesma fantasias, as mesmas desilusões... O galopar do ancião de fogo que persegue as almas penadas. O bom, o mau… e, não o intermédio, não o do meio, o de fora. Ambos experienciados, todos testados, e agra o último fixado.
Erros, aprender com eles. Dedos apontados, talvez sem razão, talvez acompanhados dela, mas não se pode fugir à realidade. E hoje, agora, talvez seja tarde demais, ou quiçá ainda cedo. A ligação, o anel unido que envolve o todo, quebrado devagar mas por completo, o culminar do que possivelmente nunca foi. Depois o vazio, o nada, o espaço em branco, a matéria negra.
Palavras deitadas ao ar, este com mais significado que as mesmas porém, o sim que diz que não, o talvez que diz que não, o provavelmente que diz que não, e ainda o obviamente que claramente diz que não. Mal entendidos super-referidos e a exaustão de querer compreender, ou a falta dela. Rejubilar apenas no dia do nunca, no dia não realizado, no dia do universo decerto paralelo e avistar a paz negra de uma estrela vermelha.
E contudo, novamente, a percepção mantém-se, mas com ela, a crescente vergonha de sentir. Nada de desculpas, nada de perdões, apenas nada. Compreensão é tudo o que resta, e uma discussão civilizada para a anteceder.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Crónicas De Um Sem-Nalga: Ciclo
Retirar adesivo, retirar compressas,abrir, retirar gase, desinfectar, fechar, lavar, limpar, abrir, inserir gase, fechar, pôr compressas, adicinoar adesivo.
REPETIR
REPETIR
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Neo-Portal - Capítulo II
- Mr. Seixo. Mr. Seixo Paulo. – Uma voz mecanizada chama.
- Sim, sim, estou a ir… Esta gente não sabe esperar. – Profere um personagem já meio calvo – Então vamos lá ver que foi agora… Yes, It’s me here!
- Oh Mr. Seixo, glad you could make it. I am so in need of your services. – é um homem muito mal encarado quem fala.
- You know how it’s done. Leave the envelope at the exit.
- Thanks for everything Mr. Seixo. – O homem sai com um ar parcialmente renovado, como se ventos frescos lhe limpassem a alma.
- Estes americanos da treta, não sabem fazer as coisas sozinhos… E depois vêem ao meu gabinete incomodar-me… Paspalhos… Mas vamos lá ver o que este agora quer… - abre o envelope e desenrola a folha – Hmm… “Three guys ate my wife…” Boa, e que quer ele que eu faça? O corno é ele! Tenho pena mas nada posso fazer. – e joga a folha para um monte de outras tantas idênticas.
Senhor Paulo Seixo, português sonhador em busca de uma vida melhor, residente numa pequena província dos Estados Unidos, perto de um, também este pequeno, aeroporto. Tem um gabinete que ajuda casos…não se sabe de quê, e muito menos se sabe como ajuda, mas alega fazê-lo.
À noite, já pronto para dormir, vem à cabeça de Paulo uma imagem do pedido de ajuda que recebera anteriormente naquela tarde. Um pressentimento de que havia algo que lhe tinha escapado. Assim, procurando deixar a sua mente mais limpa, levanta-se para ir até ao seu escritório e, quando lá chega, nota em falta a carta que procurava. Revista o escritório de uma ponta à outra e tentando não se irritar, pois só ele sabe como é difícil de se acalmar quando se irrita, respira fundo e olha pela janela, uma linda e maravilhosa lua cheia preenchia o céu, rodeada de poucas nuvens escuras, e com um tom um tanto ou quanto alaranjado. Pasmado, fica a contemplar tamanha beleza nunca antes vista por aqueles olhos. Eis quando ouve um barulho vindo da cozinha de sua casa. Um pouco assustado, mas nada que pudesse deixar transparecer, caminha lentamente até a cozinha onde encontra um pequeno anão a revistar-lhe o microondas.
- Minimeu? És tu? – Pergunta em tom de surpresa, medo e gozo.
- Minimeu o cara…ças! – Retalia ferozmente o pequeno ser.
- Que procuras?
- Algo que ainda não encontrei! Mas onde poderás tu tê-la escondido…? Diz-me!
- Mas escondido o quê? Eu não tenho nada a esconder!
- A não ser a própria face! Nem aqueles que te contratam sabem a cara de quem os safa dos problemas!
- Porque isso tornar-se-ia um problema para mim! Mas diz ao que vens! Ordeno-te!
- OK, eu vou-te dizer… - Num golpe muito baixo e desviando a atenção de Paulo, o anão joga-lhe os grandes dentes afiados à barriga e deixando-o gravemente ferido, foge pela janela.
Paulo nem soube ao certo o que lhe aconteceu. Como poderia uma criatura tão pequena ter tanta força nos maxilares? Onde iria um ser humano buscar tanta força? Era algo sobrenatural. No entanto a sua noite apenas começara e os barulhos não cessavam. Levanta-se a muito custo e, de olhos bem fechados, segue o som até à sua origem. Uma sonoridade cada vez mais ruidosa e horrenda deixa de se notar no momento em que entra no seu quarto e vê a carta que procurava há pouco. Pega nela e lê-a com mais atenção.
“Three guys ate my wife… but she keeps walking around in the neighborhood! She is falling into pieces! She is fucking rotten!!!” Escandalizado com o que acaba de ler, Paulo deixa de sentir quando leva com uma enorme pancada na cabeça. Desmaia por breves segundos e quando recupera os sentidos uma mulher meio podre tenta comê-lo vorazmente. Empurra-a, não sabe bem com que força, e consegue escapar de debaixo da desconhecida. Sente algo a efervescer na sua corrente sanguínea e joga-se com tanta força contra a, chamemos-lhe zombie, despedaçando o que faltava. Com o apartamento cheio de sangue, Paulo sabe que não pode permanecer ali por mais tempo. Volta a agarrar na carta e com o sangue que lhe escorre pelos dedos escreve, com letras bem grandes e sobre tudo o que já se encontrava escrito, “DONE”.
Após um bom banho, uma mudança de visual e a aplicação de um perfume irresistível, Paulo rouba um pequeno avião do aeroporto e debanda dali.
- Óptimo, agora saber como se guia isto como deve ser…
Após viajar meia dúzia de quilómetros, já vendo a costa lá bem ao fundo, perde o controlo do avião, que se despenha, caindo em pleno mar…
- Sim, sim, estou a ir… Esta gente não sabe esperar. – Profere um personagem já meio calvo – Então vamos lá ver que foi agora… Yes, It’s me here!
- Oh Mr. Seixo, glad you could make it. I am so in need of your services. – é um homem muito mal encarado quem fala.
- You know how it’s done. Leave the envelope at the exit.
- Thanks for everything Mr. Seixo. – O homem sai com um ar parcialmente renovado, como se ventos frescos lhe limpassem a alma.
- Estes americanos da treta, não sabem fazer as coisas sozinhos… E depois vêem ao meu gabinete incomodar-me… Paspalhos… Mas vamos lá ver o que este agora quer… - abre o envelope e desenrola a folha – Hmm… “Three guys ate my wife…” Boa, e que quer ele que eu faça? O corno é ele! Tenho pena mas nada posso fazer. – e joga a folha para um monte de outras tantas idênticas.
Senhor Paulo Seixo, português sonhador em busca de uma vida melhor, residente numa pequena província dos Estados Unidos, perto de um, também este pequeno, aeroporto. Tem um gabinete que ajuda casos…não se sabe de quê, e muito menos se sabe como ajuda, mas alega fazê-lo.
À noite, já pronto para dormir, vem à cabeça de Paulo uma imagem do pedido de ajuda que recebera anteriormente naquela tarde. Um pressentimento de que havia algo que lhe tinha escapado. Assim, procurando deixar a sua mente mais limpa, levanta-se para ir até ao seu escritório e, quando lá chega, nota em falta a carta que procurava. Revista o escritório de uma ponta à outra e tentando não se irritar, pois só ele sabe como é difícil de se acalmar quando se irrita, respira fundo e olha pela janela, uma linda e maravilhosa lua cheia preenchia o céu, rodeada de poucas nuvens escuras, e com um tom um tanto ou quanto alaranjado. Pasmado, fica a contemplar tamanha beleza nunca antes vista por aqueles olhos. Eis quando ouve um barulho vindo da cozinha de sua casa. Um pouco assustado, mas nada que pudesse deixar transparecer, caminha lentamente até a cozinha onde encontra um pequeno anão a revistar-lhe o microondas.
- Minimeu? És tu? – Pergunta em tom de surpresa, medo e gozo.
- Minimeu o cara…ças! – Retalia ferozmente o pequeno ser.
- Que procuras?
- Algo que ainda não encontrei! Mas onde poderás tu tê-la escondido…? Diz-me!
- Mas escondido o quê? Eu não tenho nada a esconder!
- A não ser a própria face! Nem aqueles que te contratam sabem a cara de quem os safa dos problemas!
- Porque isso tornar-se-ia um problema para mim! Mas diz ao que vens! Ordeno-te!
- OK, eu vou-te dizer… - Num golpe muito baixo e desviando a atenção de Paulo, o anão joga-lhe os grandes dentes afiados à barriga e deixando-o gravemente ferido, foge pela janela.
Paulo nem soube ao certo o que lhe aconteceu. Como poderia uma criatura tão pequena ter tanta força nos maxilares? Onde iria um ser humano buscar tanta força? Era algo sobrenatural. No entanto a sua noite apenas começara e os barulhos não cessavam. Levanta-se a muito custo e, de olhos bem fechados, segue o som até à sua origem. Uma sonoridade cada vez mais ruidosa e horrenda deixa de se notar no momento em que entra no seu quarto e vê a carta que procurava há pouco. Pega nela e lê-a com mais atenção.
“Three guys ate my wife… but she keeps walking around in the neighborhood! She is falling into pieces! She is fucking rotten!!!” Escandalizado com o que acaba de ler, Paulo deixa de sentir quando leva com uma enorme pancada na cabeça. Desmaia por breves segundos e quando recupera os sentidos uma mulher meio podre tenta comê-lo vorazmente. Empurra-a, não sabe bem com que força, e consegue escapar de debaixo da desconhecida. Sente algo a efervescer na sua corrente sanguínea e joga-se com tanta força contra a, chamemos-lhe zombie, despedaçando o que faltava. Com o apartamento cheio de sangue, Paulo sabe que não pode permanecer ali por mais tempo. Volta a agarrar na carta e com o sangue que lhe escorre pelos dedos escreve, com letras bem grandes e sobre tudo o que já se encontrava escrito, “DONE”.
Após um bom banho, uma mudança de visual e a aplicação de um perfume irresistível, Paulo rouba um pequeno avião do aeroporto e debanda dali.
- Óptimo, agora saber como se guia isto como deve ser…
Após viajar meia dúzia de quilómetros, já vendo a costa lá bem ao fundo, perde o controlo do avião, que se despenha, caindo em pleno mar…
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