sexta-feira, 4 de maio de 2007

Nome Desconhecido

Dizem que há pessoas com mau gosto
Mas nenhuma decerto estará disposta
A aceitar um convite de alguém como eu
Um ninguém coberto em chamas
Destinado a arder no esquecimento
Para que as suas cinzas possam ser espalhadas
Pelas imensidão deste mundo tenebroso
Cheio de tormentas e escuridão
Onde nem os mais poderosos saem vitoriosos
Pois neste local o poder é tudo
E não há pobre alma que por ele não se interesse

A planicie onde me encontro
Está cheia de altos e baixos
Com alguns precipícios espalhados
Pelas encostas de cada esquina
Nas marés de um mar por descobrir
Que nos banha sem nós sabermos
Engolindo-nos sem qualquer dificuldade
Afogando alguns de nós
Que se esquecem de quem são
E podem não ser encontrados

Eu felizmente fui encontrado
Por alguém que me era desconhecido
Mas que me tratou como seu filho
E me ajuda no que for necessário
Em troca de um simples desenho
Que representa os três maiores bens da vida:
Família, Saúde e Dinheiro
Pois fora algo que este alguém nunca teve
E, por qualquer motivo que desconheço,
Quer ver-me com tudo o que elas têm para dar
Mas parece-me que tal coisa não irá acontecer
Pois Dinheiro já é coisa que a muitos falta
Neste momento Saúde é algo que se compra
E sem Dinheiro não há Saúde
E sem Saúde não há Dinheiro
Neste ciclo infinito apenas resta a família
Mas esta acabará por falecer
Ou por nos largar nalgum recanto

Fui acolhido, abençoado, apadrinhado
Tratado, alimentado e amaldiçoado
Por um ser anormalmente estúpido
Ou estupidamente anormal
O que é certo é que me tratou bem
E estou-lhe muito grato por tudo
E tenho orgulho de ser quem sou

Sem comentários: