E agora que sei que talvez já não pertenço a lado nenhum, parto em direção ao que espero ser um novo rumo na minha velha vida. Já lá vai a altura em que viajar de autocarro significava embarcar numa aventura excitante, que trazia sempre algo de novo e benéfico. Agora não, estas viagens estão limitadas a visitas ao médico e a pequenos pontos da minha antiga vida, os meus antigos amigos e as minhas antigas feridas. Já é tempo de arranjar feridas novas, mas estou confinado a viver os mesmos percursos, os mesmo lugares, e a cometer novos erros com as mesmas pessoas... Já é noite, temo não chegar a casa a tempo de te ver, de te ter lá para mim, um abraço, um beijo, um aceno que seja. Mas tu não existes, não passas de uma fotografia, de um reflexo no espelho que a minha tão teimosa mente adora colocar apenas para causar mais demência... Estou farto de mim, quero renascer de novo mais uma vez. Noutro lugar, noutra cultura, com novas expectativas e novos objetivos novas rotinas, novos hábitos, novas pessoas, lugares, crenças... Mas o que quero e o que gosto enredam-se com o que pode ser, e por isso a única coisa que posso fazer é escrever...
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
terça-feira, 17 de julho de 2012
Mystique Résidence - Parte Cinco
Começas
lentamente a levantar os teus braços. A espreguiçar-te. Abres a boca e soltas
um enorme bocejo. Esticas os braços o mais que podes, depois as pernas. Abanas
o corpo como se te estivesses a chocalhar e fazes tremer os lábios com a força
dos abanões. Gostas disso, parece que os lábios te vão saltar da boca, o que é
tanto macabro como refrescante, dá-te uma sensação de liberdade. Esfregas os
olhos e pisca-los várias vezes, depois tentas piscar um de cada vez, mas ainda
não é hoje que consegues fazê-lo apenas com o direito. Olhas em volta a
analisar o espaço, está como o encontraste. Um colchão e algumas mantas rotas,
estás entre os dois. Depois de uma noite de pesadelos que pareciam mais reais
que a tua própria vida, o que menos queres é saber que alguém esteve no mesmo
sítio que tu enquanto dormias. Sentes-te cheio de energia estranhamente.
Pões-te de pé num pulo, mochila às costas e abandonas o edifício abandonado.
Fazes anos hoje. Será por isso que estás tão elétrico? Não acreditas realmente
nisso, afinal de contas o teu aniversário não te trazia grandes alegrias. Por
outro lado, desta vez podes celebrar o teu aniversário à seria, como bem te
apetecer. Isso dá-te uma ideia e começas a planear algo, o único problema é que
pareces estar numa cidade fantasma. Avanças em frente, para o que pensas ser o
interior da cidade. Depressa te apercebes de que estás certo, os edifícios
começam a mostrar-se mais bonitos e com um tratamento melhor. Pinturas mais
frescas, designs mais modernos, até
gostas do que vês. Tens de um lado uma fileira interminável de vivendas
germinadas, cor-de-rosa, daquele que faz doer os olhos, todas com uma
cercazinha branca, caixa postal à entrada, relva verde aparada e casota de cão
colada à varandinha de fazer vista bonita. Tal como nos filmes americanos.
Apostas contigo mesmo que nas traseiras devem ter uma pequena horta com as
coisas mais básicas e fáceis de tratar, algumas alfaces, tomateiras, salsa, e
uma ou outra coisa. Se há uma coisa que crises económicas têm de bom é que
obrigam as pessoas a tentar dar a volta a situações difíceis, neste caso, um
novo olhar sobre a agricultura de quintal. Aproximas-te muito devagar,
cauteloso, na esperança de conseguir um tomatinho suculento para um
pequeno-almoço energético. O cheiro a relva fresca acalma-te e dás por ti a
snifá-la literalmente, aliás, a farejá-la. Chegas às traseiras, encontras o que
procuravas, umas tomateiras bem carregadas. Arrancas dois dos seus frutos (ou dos
seus legumes?) e foges dali como o diabo foge da cruz. Com um enorme sorriso
vitorioso vais trincando os tomates, que, estranhamente, são crocantes por fora
mas tão fofos por dentro que se desfazem assim que te tocam na língua. Desatas
a rir às gargalhadas quando te vem à memória cenas de uma comédia que viste uma
vez, que tinha como objetivo gozar com os filmes pornográficos de segunda,
terceira e quarta categoria, mas que acabou por não ter piada nenhuma, no
entanto tinha uma cena em que dois amigos faziam sexo com tomates aquecidos no
micro-ondas e não corria lá muito bem.
Já
caminhas há cerca de quarenta e cinco minutos, ao teu redor existem agora
enormes mansões em marfim, ouro e pedras preciosas, o que te faz questionar,
agora mais que nunca, onde raio estás. Finalmente chegas a um cruzamento em que
não podes seguir em frente, apenas direita ou esquerda. Ambas as rotas são
estreitas e têm casas muito diferentes das que encontraste até aqui, todas são
baixas e caiadas de branco. Pões-te a pensar que caminho seguir. Direita ou
Esquerda?
DIREITA
Algo te
diz que o caminho da direita é preferível. Caminhas por alguns minutos e o
cenários não muda. Gradualmente as casas começas a ficar mais altas e viras
algumas vezes, já estás farto de andar e está um calor enorme para um dia de
primavera, o facto das casas refletirem o sol também não te ajuda em nada,
voltas para trás. Caminhas por mais uns minutos até te aperceberes de que há
algo diferente, que não estás a seguir o mesmo caminho que anteriormente, entras
em pânico. Encostas-te a uma parede para tentares reconstruir na tua cabeça as
voltas que deste quando, do nada, ouves passos. São passos leves e rápidos,
podem pertencer a uma criança por exemplo, mas não viste ninguém desde que cá
chegaste, e não passaste por nenhuma porta desde que tomaste a decisão de virar
para a direita. Recompões-te e segues por onde pensas ser “para trás”. O dia
que começou sendo tão alegre está a tornar-se mais obscuro, começas a cansar-te
da ideia de ires correr mundo e viver por ti próprio, é difícil. O céu começa a
embrulhar-se, assim, do nada. Não havia nuvens até há cerca de cinco minutos, e
agora nem um raio de sol é percetível. Ecoam pequenos risos, mais uma vez, de
criança, e deixas de achar piada à brincadeira. Adensa-se um nevoeiro à medida
que andas mais rápido. Tropeças. Cais. Alguém te fez uma rasteira e agora te
pontapeia enquanto estás no chão. O nevoeiro é tão cerrado que nem vês as tuas
mãos. Algo de dentes cerrados está encostado à tua espinha. Sentes a tua pele a
rasgar. Soltas um grito enorme seguido de guinchos de dor, afinal de contas
estão a serrar-te ao meio. Não te conseguiste levantar e sabes que agora já
nunca o farás. Tal como um dia alguém te disse, não passas de uma criança
perdida. A tua viagem acaba aqui.
ESQUERDA
Atiras
uma moeda ao ar, se calhar cara vais para a direita, se calhar coroa é a
esquerda que escolhes. Coroa. Rodas o teu corpo noventa graus no sentido oposto
ao dos ponteiros do relógio e dás o primeiro passo em frente. Sentes um arrepio
na espinha, repentino, sem razão de ser. Não ligas muito a isso e segues em
frente, as casas brancas não são lá muito convidativas e devido ao desconforto
caminhas mais rápido. Começas a voltar para uma zona mais bem tratada, com
algumas casas maiores, mas não muito. Começas a notar cada vez mais portas e
janelas, e deparas-te com um portão alto, azul-escuro, rodeado por uma espécie
de muralha com gárgulas. Olhas através do portão mas não consegues ver muito,
apenas uns chorões com um especto bastante sinistro. Assim que tocas
acidentalmente no portão este abre-se e um vento forte trás consigo a folha que
tinhas preenchido por pura diversão. Uma senhora envergando um casaco longo
vermelho caminha na tua direção com uma folha exatamente igual, preenchida
também.
- Estávamos à sua espera –
declara.
Mystique Résidence, era
real, e estava à tua frente.
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Mystique Résidence - Parte Quatro
Estás
deitado. Dói-te todo o teu corpo como se tivesses sido atropelado por uma
manada de búfalos furiosos perseguidos por camiões tir. Abres os olhos mas não
consegues ver nada, tudo é escuro. Voltas a fechá-los. “Mas onde raio estou? O
que me aconteceu?” pensas. Adormeces. Voltas a acordar. Esfregas os olhos.
Começas a abri-los mas deténs-te. Com as mãos, analisas a área circundante na
esperança de encontrar algo que te ajude a perceber onde estás. Estás no chão.
Um chão de madeira, sentes as divisórias entre as placas. Está envernizado, mas
percebes alguns vincos criados por meio de arrasto, só não sabes de quê.
Começas a ficar aflito, agitas as mãos e os braços num frenesim, bates com o
pulso direito na quina dum móvel, sentes que deslocaste os ossos. Agora tens
esse pulso totalmente inutilizável, não o consegues mexer, nem queres. Tentas
agora arrastar-te mas apercebes-te de que não sentes também as pernas. Agora
sim, a tua aflição tem motivo. Tens um pulso destronado e um par de pernas que
não te obedece. Levantas um pouco o pescoço e abres finalmente os olhos na
esperança de conseguir ver um raio de luz, algo que te desse esperança ou te indicasse
um caminho, mas bates com a testa em alguma coisa, dura, férrea, que se
entranha em ti, um parafuso. “Caramba! Merdas destas só a mim!” resmungas para
ti mesmo. Neste momento deixas de tentar seja o que for, descansas. Passou
pouco tempo e ouves uma porta a ranger e luz a entrar por uma linha fina rente
ao chão. Com essa pequena luminosidade consegues ver que estás debaixo de uma
cama, mas já não estás para te preocupar.
- Está
aqui, debaixo da número três. – ouves uma voz que reconheces mas não sabes de
onde ao certo.
Retiram
a estrutura metálica de cima de ti. À tua frente está uma senhora com uns
sessenta anos, estatura baixa. Tem cabelos brancos encaracolados e enverga uns
óculos pontiagudos nas laterais, com um pequena corrente a ligar as duas
extremidades e que lhe dá a volta ao pescoço. Os lábios são encarnados como uma
maçã no Inverno, e os olhos de puro azul cristalino e contrastam com as covas
que tem no lugar das bochechas. Do pescoço para baixo não se vê mais pele, toda
ela está coberta por um casaco, ou robe, de veludo vermelho, com um design um tanto estapafúrdio, muito
rígido, com curvas que fazem lembrar os vestidos do século XVII. Uma coisa te
capta a atenção naquilo tudo, os seios, totalmente comprimidos entre o corpo e
o casaco, parecem ter cerca de vinte centímetros de diâmetro, mas talvez seja
apenas uma ilusão ótica. As únicas palavras que a ouves proferir são atiradas
para o ar com desdém, como se não fosses aquilo que ela esperava, mas o pior é
que não as consegues perceber, e isso frustra-te mais que qualquer outra coisa.
Ela sai da sala, que agora consegues ver na sua totalidade. Tem quatro camas de
metal. Quatro estruturas de metal, não consegues ter a certeza daquilo que são,
parecem-se com camas, mas de camas, na realidade, não têm nada. Quatro paredes,
um armário a ocupar uma delas, de madeira castanho-clara, assim como o chão,
mais especificamente, tal e qual o chão, até parece que o armário é antes a sua
continuação e não algo que foi lá colocado. Janelas não as há e a porta que
existe é demasiado estreita para caber por lá mais que uma pessoa de estatura
normal, por isso, ficas ainda mais confuso.
Não
sabes onde estás, com quem estás nem como foste aí parar. Estás a sonhar.
Odeias quando os sonhos te parecem reais, o pior é que isso cada vez tem
acontecido com mais frequência. Odeias quando os sonhos pegam em situações que
viveste, o pior é que isso também tem acontecido com cada vez mais frequência.
Odeias quando os sonhos tomam uma certa continuidade, e odeias o facto de,
também isso, estar a acontecer com cada vez mais e mais frequência.
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Mystique Résidence - Parte Três
Abres
os olhos sobressaltado, estás enrolado nas mantas velhas e rotas, a morder
parte delas com todos os teus dentes, escorres suor como se fosse água, sentes
as tuas orelhas quentes e a tua testa a palpitar violentamente. Tentas
levantar-te mas é-te impossível tal feito, chegas à conclusão de que estás
doente, demasiado febril para andar, que possivelmente é desta que se acaba a
tua jornada. Agradeces a ti mesmo por teres tomado a decisão de seguir o teu
sonho tornado objectivo, encostas a cabeça ao teu ombro e pensas como é
estranho que o consigas fazer. Nunca tinhas parado para pensar nisso, mas o teu
corpo faz coisas estupendamente estranhas, coisas que nunca falaste com ninguém
por achares que é algo de que toda a gente se iria rir, é algo que não te faz
sentido, como das vezes em que leste que era impossível lamber o teu próprio
cotovelo e fizeste uma figura triste a tentar fazê-lo, ou ainda aquela outra
situação em que tentaste fazer sexo oral a ti próprio e a coisa não correu bem
como esperavas. Desatas a rir desalmadamente a acreditar que a tua vida foi um
apanhado de situações ridículas que não podiam ter acontecido a mais ninguém,
pelo menos o teu humor ninguém to tira e acreditas que é aí que reside a tua
essência, e acima de tudo, a tua humanidade. A muito custo jogas a mão à
mochila e procuras pelo relógio que tens ideia de ter trazido contigo, como não
tens muita coisa na saca cor-de-laranja consegues perceber que estás enganado e
que não trouxeste qualquer tipo de dispositivo que mantenha o percurso do tempo
nas unidades humanas, começas a duvidar da tua sanidade e ao veres um monte de
pedras retiras uma delas, olhas para ela como se fosse uma pérola e espeta-la
entre os olhos. Não sabes bem ao certo o porquê de o teres feito, apeteceu-te. Pelo
buraco que ficou no monte de pedras consegues ver que este esconde algo mais
que apenas rochas para automutilação, esticas o braço direito e não lhe chegas
nem perto, tentas com o esquerdo e surpreendentemente nem precisas de o
esticar, voltas a ter a sensação de que o teu braço não costumava ser tão
longo, mas não dás muita atenção a esse pensamento. O objecto que estava
debaixo das pedras é um relógio. Examina-lo e vês as horas, 16:16 “ao menos
morro com alguém a pensar em mim”, fechas os olhos e inspiras profundamente,
susténs a respiração. Tudo seria tão mais fácil se conseguisses simplesmente
sufocar-te. Tens a infeliz ideia de retirar os cordões das tuas sapatilhas e
enforcares-te com eles. Enrolas os cordões à volta do teu pescoço, fazes um nó
de deslizar, e lentamente começas a puxar uma das extremidades, sentes o teu
pescoço a ser apertado, “que bem que isto sabe”, pensas. Sentes que talvez
ainda consigas retirar mais prazer desta tua ação, e lentamente começas a
sentir-te excitado sexualmente e dás por ti a masturbares-te. Primeiro de forma
vagarosa, com cuidado, como se acariciasses o teu animal de estimação favorito,
depois com mais entusiasmo e finalmente como se a fúria dos deuses te caísse em
cima. Empregas todas as forças que te restam a dar-te um último prazer, sentes
o espaço ao redor dos teus olhos a encher-se de sangue, sentes o teu pescoço a
entupir, pelo esforço que fazer tentas por tudo apanhar o máximo de ar
possível. Já tinhas ouvido dizer que a masturbação e o sufoco andavam de mão
dada, mas nunca desconfiaste de que seria uma experiência tão marcante, algo
que te fizesse querer explodir de dentro para fora, no sentido figurado e
literal. Gritas, gemes, chamas por quem costumas chamar sempre que te dás
prazer a ti próprio, sentes-te cada vez mais próximo do orgasmo e puxas a ponta
do cordão ao máximo. Começas a ter convulsões enquanto atinges o clímax sexual,
dás cacetadas com os teus membros superiores e inferiores no chão e nas
paredes, acreditas que desta vez vais curar mais que apenas uma dor de cabeça, jorras
os teus fluídos por tudo quanto é lado e reviras tanto os olhos que acreditas
que consegues ver a parte de dentro da tua cabeça.
- Ah,
que se foda! Morro feliz…
domingo, 8 de julho de 2012
Mystique Résidence - Parte Dois
Sobes a ribanceira e voltas para a estrada. Andas horas a fio. O número de veículos que por ti passaram conta-se pelos dedos. Aquela imagem da velha a gritar “oito” é que não te sai da cabeça. Pensas que estás a pensar demasiado nisso, tentas esquecer, mas o teu cansaço já não te deixa fazer isso. Chegas à conclusão de que o melhor é tentares a tua sorte a apanhar boleia, mas ao mesmo tempo acreditas que isso não te vai levar a lado nenhum, com a quantidade de carros que por ti passaram talvez daqui a três ou quatro dias encontres um que esteja disposto a ter um puto no lugar do morto. Sempre que ouves alguma coisa a vir na tua direcção, esticas o braço esquerdo, às tantas começas a sentir que tens o braço mais comprido, mais esticado. Abanas a cabeça em negação. Nessa altura pára um mini ao teu lado e abre-se a porta do pendura. Entras sem pensar duas vezes, lá dentro está alguém com cabelo comprido que lhe cobre a cara, usa roupas largas, por isso nem dá para perceberes se é homem ou mulher. Podias pensar que se calhar não devias ter aceitado o gentil gesto da pessoa incógnita, mas até estás confortável assim, por isso, não há problema. O veículo desloca-se a uma velocidade baixa, daí não o teres notado próximo se ti, e em três horas, mais coisa menos coisa, chegam a uma cidade que tu nem sabias que existia. À entrada o carro pára e uma voz feminina diz-te para saíres. Fazes o que te manda, afinal de contas o carro não é teu. Assim que sais e te voltas para agradecer a boleia já o carro lá não está, nem há sinal dele em parte alguma. Pões as mãos nos bolsos e andas devagar, a analisar aquela paisagem desconhecida para ti. Notas que a maior parte dos edifícios, embora grandes e imponentes, estão muitíssimo mal tratados e parece que vão ruir a qualquer momento, entre alguns escombros daquilo que parece ter sido uma igreja cristã, encontras uma ficha de inscrição para o que pensas ser uma escola. Agarras e começas a ler.
Mystique Résidence procura pessoas como tu! Se tens esta folha nas tuas mãos é porque ela te pertence, foi o destino que assim o quis, não ignores este sinal. Somos uma comunidade de indivíduos colectivos que se juntam numa sociedade singular em redor de uma característica comum, uma mesa! Preenche com os teus dados se queres que seja adicionada uma cadeira e uma cama para ti! Não percas mais tempo!
Reviras os olhos após ler tal absurdo. Um texto que não te faz o mínimo de sentido, que tenta ser engraçado e apenas se acaba por se enterrar mais. Mesmo assim sentes uma vontade enorme de preencher a folha, só pelo gozo. Procuras na tua mochila por algo com que escrever, encontras uma caneta meio comida, lembraste que é a mesma que utilizavas na Primária. De repente memórias de quando a vida ainda existia, de quando ainda não te tinha acontecido nada que te tornasse na carapaça vazia que és hoje. Lembraste de como adoravas aprender, mas todos os dias voltavas para casa com a sensação de que foras enganado com promessas falsas. Lembras-te de quando conheceste pessoas que, por motivo nenhum, te ficaram queridas de imediato, eram essas as pessoas com quem tu partilhavas a tua sandes, mesmo que soubesses que aquilo era tudo o que tinhas até ao fim do dia. Lembraste de jogar à bola e, fruto de alguns mal-entendidos, andar à porrada com mais de metade dos teus colegas. Cerras o punho como se quisesses eliminar essa última memória, mas é em vão. Escreves, primeiro o teu nome, depois a tua data de nascimento, e não vês mais nada que tenhas que preencher ou assinar, de facto, não notas mais nada senão o texto e essas duas indicações. Amarrotas a folha e joga-la de volta para os escombros, sentes-te como se o teu cérebro tivesse diminuído.
Já o sol se começa a pôr e estás cansado. Cansado não, exausto. Vês algumas casas abandonadas e começas a explorá-las. Acabas por te instalar numa delas, a que tem o aspecto mais cuidado, ou seja, tem um colchão no chão e algumas mantas rasgadas no outro canto da sala. Pegas nas mantas, deitaste no colchão, tapas-te. Sentes-te bastante confortável. Comes o pequeno pacote de bolachas que estava esquecido na tua mochila há anos e bebes a água que te resta, esperas que te deixes dormir depressa, o que acaba por acontecer. Acordas, estás no carro ao lado da senhora misteriosa. Esfregas os olhos com força, podias jurar que já tinhas saído de lá. Ouves novamente a voz feminina, desta vez diz-te que dormiste durante quase catorze horas, que assim que entraste no carro apagaste por completo. O seu tom de voz mostra preocupação pela tua pessoa, e lá no fundo, ficas comovido. Ao passar por uma estação de serviço o automóvel é estacionado e a condutora abandona o veículo. Reparas em algo estranho, nas suas calças está um enorme alto, algo quase desumano, quando olhas para o tronco reparas que o mesmo acontece, mas em vez de um existem dois altos, lado a lado. Estás confuso, afinal tens estado a viajar, pior, a dormir ao lado de quê? Abres a mochila para beber água, mas já não tens a garrafa. Procuras pelo pacote de bolachas, também já não existe! Estás a dar em maluco. Começas a pensar que, às tantas, nem saíste do teu quarto e estás apenas deitado na tua cama a ter mais uma crise de identidade, daquelas que tens de vez em quando, em que o suicídio te parece ser a opção mais viável, pois estás convencido de que não farias falta a ninguém, daquelas crises de que ouves toda a gente queixar-se mas que pensas para ti mesmo “vocês sabem lá o que é uma crise. Sabem lá o que é ter de conseguir angariar forças suficientes para enfrentar mais um dia na vossa companhia? Na vossa terrível e totalmente dispensável companhia? Tenham paciência.”. A tua linha de pensamento é quebrada por uma forte cacetada no capô do carro. Depois mais pancadas se seguem, em diversos locais da lata em que estás dentro. Consegues ver algumas criaturas pelo vidro, são criaturas sem cara, têm apenas um braço enorme, os pés trocados, tortos e inchados e o maxilar aberto ao meio, alguns até o têm dividido. Tentas não entrar em pânico e jogas as mãos aos controlos do carro tentando lembrar-te de como era que o teu pai fazia. Sorte a tua que segundos depois vem a mulher-homem e em três tempos já deixaram as criaturas para trás.
“Não há tempo para explicar! Desculpa, mas quanto menos souberes melhor.” Diz ela a tentar recuperar o ar. Parece que correu uma maratona em tempo recorde, notas também que tem os braços mais grossos e pela primeira vez consegues ver o seu rosto de relance. É quadrado, quase geometricamente perfeito. Tem alguns pelos faciais, mas não o suficiente para se dizer que tem barba ou bigode. Olhas para a frente e apercebeste de que a velocidade a que viajas é estonteante. Começas a querer gritar. Estás já tão afundado no banco que mal te consegues mexer e respirar. Os teus ouvidos estalam. Os teus olhos saem das suas órbitas, o direito até chega a ser totalmente projectado da tua cara assim que o mini embate contra uma parede. O teu corpo embate contra o cinto de segurança, quebrando todas as tuas costelas sem excepção, estas perfuram todos os teus órgãos interiores. Começas primeiro por sentir os pulmões afectados, e, em menos de nada, estás já a afogar-te no teu próprio sangue. É estranho sentires o gosto metálico de que outrora tanto gostaste mas que desta vez preferias não sentir. Sentes algo de estranho dentro de ti, dentro do teu peito. Sentes como se algo te estivesse a arranhar o teu coração, literalmente, apercebeste disto e esforças-te ao máximo para encheres o peito de ar, gritar e mexer-te. As tuas acções são em vão, apenas te faz sofrer mais. Olhas para a esquerda na esperança de veres como está a pessoa que vinha a conduzir. A muito custo olhas na sua direcção e preferes não o ter feito. Ao teu lado está uma das criaturas sem cara, mas desta vez com dentes serrilhados que depressa te morde o nariz e to arranca. É te cuspido de volta, antes de fechares os olhos para o sono eterno ouves esta criatura gritar “nove”.
terça-feira, 3 de julho de 2012
Mystique Résidence - Parte Um
Tens 16 anos. A localidade onde
tens vivido desde sempre, maltrata-te de todas as maneiras possíveis e
inimagináveis, estás por tudo para sair daí. A tua família é uma merda. Os teus
amigos eram uma merda, e agora, estás sozinho, e sentes-te como merda na mesma.
Resumindo, a tua vida é, toda ela, uma merda. Decidiste o correto ao dares este
passo, o passo para fora daquilo de que todos te querem convencer ser um lar,
uma casa onde tens carinho, amor e afeto. Estás totalmente confiante de que
daqui em diante vais ser tu e só tu na tua vida, mas nada que te faça tremer as
pernas, estupidamente, sentes-te mais acompanhado agora do que alguma vez te
sentiste em qualquer momento na tua vida. Sentes que até a tua sombra está contigo,
que desta vez és um todo; o teu corpo, a tua mente, o teu coração, a tua sombra
e a tua essência são, desta vez, os componentes que constroem o teu “eu”
interior.
O sítio onde vives é pequeno e
calmo, principalmente à noite, sabes que muito dificilmente passará algum carro
por ti. E começas a andar, sem rumo, com a tua mochila cor-de-laranja
fluorescente. Para trás ficou a única coisa que te fazia permanecer aqui, a tua
cama. A tua melhor amiga em todas as alturas, sempre esteve lá para ouvir as
tuas lamúrias, sempre te permitiu que a abraçasses, nunca te afastou por algo
que disseste ou fizeste, guardou todos os teus segredos, dos mais importantes
aos sem qualquer tipo de significado, aqueles que querias que fossem mesmo
segredo, que não querias que ninguém soubesse deles, e os outros que na
realidade apenas os querias gritar aos ventos e aos mares. Hesitas, olhas para
trás e espremes os olhos de modo a fazer escorrer a lágrima que já te começava
a incomodar. “Esta é para ti amiga”, pensas. Não ousas abrir a boca, muito
menos proferir som. Cansaste-te da tua voz há já muito tempo para sequer te
lembrares. Outra das coisas que te cansaste foi do aparelho que muitos
consideram totalmente indispensável nos dias de hoje, telemóvel. Atiraste-o
para dentro do rio que passa poucos metros atrás da tua casa, é dos melhores
arremessos que já alguma vez fizeste, e das ações que mais te orgulhas. Esboças
um pequeno sorriso, olhas para os teus pés e pensas que estás mais parecido com
alguém que veio de uma rave, ou então
algum ladrão de segunda categoria, totalmente vestido de negro. Na verdade são
apenas as roupas mais confortáveis que tens, acontece que são escuras, uma
blusa de gola alta azul-escura, umas calças pretas, largas e repletas de
bolsos, bastante uteis nesta situação, umas sapatilhas/botas, o único presente
que alguma vez gostaste de ter recebido. Normalmente aniversários não existiam
para ti naquela casa, os teus presentes resumiam-se a dirigirem-te a palavra
para que lavasses a casa, ou para que levasses todos os cães do canil para
passear, a única coisa que vias de positivo é que era sempre um dia em que a
escola ficava para segundo plano.
Jogas a mão à mochila, alarmado,
mas encontras tudo aquilo que necessitas. Ainda pensaste em agarrar no
computador, mas chegaste à conclusão de que a única coisa para que ele te
servia era para ter algum prazer fútil enquanto jogavas a qualquer jogo pouco
desafiante, e mais recentemente já nem isso te era prazeroso, deixando-o em
casa ainda pode ser de alguma utilidade para a tua família, embora sejam uns
falsos de meia tigela precisam mais de um computador do que tu, e nem te custa
muito isso, é menos peso para ti. Olhas para cima e vês que a lua se esconde de
ti, lembraste de um conto que ouviste uma vez, que sempre que a lua se esconde
de quem a procura significa que esse alguém terá um destino negro. Nunca foste supersticioso,
portanto não vês razões para o seres agora. Respiras fundo até te doer os
pulmões e começas finalmente a dar passos em frente. Não sabes para onde vais,
mas sabes que é aquilo que queres e que tens tudo aquilo que precisas, roupa
para te aqueceres e vontade de viver. Assim que deixas de ver luzes a iluminar
a estrada pensas que talvez as coisas sejam um pouco mais complicadas do que
pensavas que seriam ao início, mas não é isso que te demove, o que te demove é
a falta de confiança, não que tenhas medo do que reside no escuro, mas do medo
do que te podes tornar no escuro. Lembraste de algumas cosias que aconteceram
em certas noites e chocalhas a cabeça para terminar essas ideias negrumosas.
Desces a pequena ribanceira em que fica a estrada e encostaste a ela quando não
podes descer mais, pensas que se passares aí a noite nada te acontecerá,
adormeces pouco depois.
Acordas sobressaltado com uma
trovoada ao longe. Adoras trovoada, principalmente de noite. Ver o céu
iluminar-se por instantes, contar os segundos que se encontram entre a receção
da luz e do som. Costumava ser um dos teus passatempos favoritos no Inverno,
quando chovia, fechavas-te no quarto, deitavas-te na cama e tapavas-te com
tantos cobertores quantos tinhas, a janela deixavas aberta para ouvires os
rugidos da natureza e sentires a água na cara. Odeias chuva. Achas que, se
existe algo mais, a chuva é a maneira que tem de se divertir connosco e ao mesmo
tempo de mostrar quem manda, acha-la suja e repugnante, e sempre que te molhas
com ela parece que o teu corpo pesa mais setecentas e cinquenta e cinco
toneladas, e que não és mais digno de viver. Neste momento é Primavera,
portanto essas memórias de Inverno não te fazem sentir nada. Perdeste-te na
contagem, já não sabes quantos segundos vão desde que viste tudo à tua volta
clarear, de repente, vês tudo mais claro que aquilo de que gostarias e sem te
aperceberes apenas ouves um zumbido agudo e irritante. Estás desorientado, já
não sabes de que lado vieste nem que caminho estavas a seguir, levantaste a
muito custo, sentes as pernas dormentes e estás com tonturas, tentas correr com
todas as forças que tens, mas o chão é irregular, tropeças e voltas a tropeçar,
chega a uma altura em que já não pousas os pés em condições, só queres que isto
tudo acabe, e acaba. Cais mesmo com o queixo numa rocha pontiaguda que parecia
estar à tua espera. Como se já não bastasse as tonturas, os zumbidos nos
ouvidos, a falta de força no corpo e as dores nos tornozelos, tens agora também
o teu maxilar a dar-te a maior das dores da tua vida, sentes o sangue a
escorrer como se fosse chuva, odeias esta sensação. Tentas cerrar os dentes
para aliviar a dor, mas sem sucesso, o pouco que mexes a parte inferior da tua
boca só te faz sentir pior, jogas a mão direita ao queixo para tentares
perceber em que estado estás. Não sentes pele. Não sentes carne. Sentes sangue,
líquido, a escorrer com tanta pressão que pensas já ter perdido mais de metade
daquele que tens no corpo. E por fim, sentes osso. Estilhaçado. Rachaduras e fracturas
e todas as “uras” que agora não te lembras. Tentas levantar-te na esperança de
ainda te conseguires salvar se voltasses para trás, sabes de uma velhota que
dizem curar os piores males, mas, como toda a gente na terra de onde és natural,
o mais provável seria fechar-te a porta na cara e deixar-te a morrer no poial. Nisto reparas que o teu braço esquerdo ficou
lá atrás, deslocaste o braço de tal maneira que pareces o Homem-Elástico. Não
tens salvação. Querias sair de casa, daquelas quatro paredes horríveis e
tenebrosas. Querias fugir da tua vida, que nem isso a consideravas, quando na
realidade querias fugir de ti apenas, única e exclusivamente de ti, não
conseguiste. Vais acabar por morrer daqui a algumas horas no máximo. “Ao menos
que não demore muito. Quanto mais rápido melhor”, pensas, desesperado, inútil.
A sorte está do teu lado e sentes um calor enorme a trespassar todo o teu
corpo, primeiro nas costas, depois estende-se a partir daí. O clarão que o
acompanha nem o vês, a única coisa de que distingues é a tal velhota em quem
pensaste há pouco. Ela chega perto de ti, agacha-se, e pela primeira vez
reparas bem na sua face, feia, velha, seca, cheia de crateras. Tem os olhos
cinzentos. Não te fala, apenas fica ali, a olhar-te durante o que te parece ser
minutos. Depois grita “Oito!”
Acordas. Estás exatamente na
mesma posição em que te encontravas quando te encostaste pela primeira vez à
ribanceira. Tens um pardal a bicar as tuas botas. O céu está azul e pela
posição do sol devem ser nove e pouco da manhã. Abres a mochila, tiras uma
sandes, dás uma dentada. Mastigas com tempo, a apreciar o prazer de comer, algo
que sempre te incomodou foi a ideia de que como é possível algo tão banal e
necessário ser uma das coisas mais maravilhosas no mundo e na vida. Partilhas um
pouco do teu pão com o pardal.
- Oito?
sábado, 30 de junho de 2012
Isto é que vai um trinta-e-um
Quando decides a tua mente, quando fazes as malas e te preparas para embarcar e tomar um novo rumo, de repente, quase sempre, tudo desmorona. As incertezas voltam, os medos de que não seja o melhor a fazer. As memórias do caminho que te levaram onde estás agora, e que, ironicamente, é esse o caminho que neste momento pretendes abandonar. Mas não abandonar por completo, apenas fazer um pequeno desvio.
Abanas novamente a cabeça na esperança de retirar os pensamentos menos bons, como se fosses uma criança que acredita que eles te vão voar pelos ouvidos, mas eles não voam assim tão facilmente, eles não voam de maneira nenhuma, por mais força que empregues ao chocalhar o teu crânio, a tua, cada vez mais, caveira.
Agora dói-te o cérebro, e páras. Estás com tonturas, sentas-te. Ficas com vómitos, sentes o teu estômago às voltas, reparas que na tua face escorre água salgada, primeiro uma gota, depois outra, depois aos pares, e ainda antes de te dar vontade de as limpares já desiste da ideia pois o fluxo de lágrimas é igual ao da fonte de sangue que jorra do teu coração.
Sem a ajuda de ninguém conseguiste espetar uma faca bem afiada mesmo no centro do teu peito, os ossos para ti são agora uma mentira, os músculos inexistentes e os sentimentos são tudo o que te resta. O teu intelectual já não te é tão claro como pensavas há meia hora atrás, e o caminho de tijolos amarelos reluzentes que vias é agora um riacho poluído e curvilíneo. Largas as malas, baixas os braços, olhas para os teus pés, notas que estão lamacentos, estão totalmente sujos com uma pasta castanha e mole. Será que a consegues malear? Não, obviamente que não. Não deixes que a estupidez te leve a acreditar que podes utilizar essa coisa nojenta para concretizar o teu caminho! Sabes ao menos como isso foi aí parar? Não pois não? Então pára! Já chega...
Basta de ilusões que não te levam a lado nenhum, ainda não te cansaste de acreditar que a tua vida é realmente tua? Agora apercebes-te de que a tua vida não é tua, de que é apenas fruto das circunstânceas, que o teu rumo é uma espécie de destino que estreita e encurta consoante a luta que ofereces, e pensas, de ti para ti, que não há já muito a fazer, deixar andar é aquilo que pressentes ser o melhor.
Agora sim, jogas as mãos à cara para te limpares e secares, mas já vens tarde, não tens a cara molhada, o líquido já secou, quer à superfície quer por baixo dela, o punhal cravado prependicularmente ao teu tronco já começa a apodrecer. O tempo esgota-se.
Mexe-te! Move esse cu flácido e gordo dái! CORRE! O tempo esgota-se. Olhas em volta mas não vês nada, cegaste! És invisual e invisível para ti mesmo. O tempo esgota-se. Pensas que se não vês o mundo o mundo também não te vê a ti, tentas fugir, esbarras contra a parede, até podes fugir mas não te podes esconder, e pelo andar da carruagem nem fugir consegues. Estás prestes a morrer e o tempo esgota-se.
Queres deixar coisas para trás, queres manter outras. Queres evoluir mas tens medo de partir, medo de fugir, medo de sorrir, medo de te ver e medo de sentir. Tens medo que o tempo se esgote antes de tomar a tua decisão, e agora sentes a pressão nos teus ombros, a carga é enorme, foge, foge, foge, corre, acelera o passo, acelera o pensamento e faças o que fizeres não olhes para trás, pois o Passado vai estar sempre a olhar para ti, a chamar-te de volta e se te voltares vais sucumbir. Corre cabrão, corre. O tempo esgota-se. Pões o teu boné virado para trás, como fazias com 10 anos, fechas os olhos com força e abres com ainda mais força, fazes força com os pés no chão que é agora de terra batida na esperança de teres um óptimo impulso para o que aí vai, fazes força a cerrar os punhos com força. O tempo esgota-se. Escorregas, cais, toda a força que fizeste desvanece numa nuvem de gás com os teus pensamentos. O Tempo esgotou-se.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
Dá-me a mão e vamos passear
(Foi por ouvir esta música que iniciei esta escrita, agradecia que quem a lesse fizesse o mesmo. Obrigado)
(Caso a música anterior ainda não tenha acabado, aprecie-la. Quando o silêncio estiver instalado, por favor, oiça esta. Obrigado)
Um beijo ao meu passado, e um obrigado por me ter feito em quem sou hoje.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
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